O titubeio de Jair Bolsonaro em relação ao Fundo Eleitoral
para 2020 tem uma razão simples: mudança de perspectiva do uso dos recursos
pelos seus aliados e seus inimigos.
O bolsonarismo, encarnado na figura do mito Jair Bolsonaro,
promoveu a eleição de uma importante bancada para a Câmara Federal, em 2018, o
que lhe propicia uma elevada participação na distribuição dos fundos públicos para
os partidos.
As verbas são proporcionais ao número de deputados eleitos,
o que significa que cada deputado eleito gera um ativo, mas não pertence a ele.
Pertence ao partido. Se ele se transfere para outro partido, dependendo das
condições da transferência, pode levar o ativo para o novo partido.
A bancada bolsonarista foi eleita predominantemente dentro do
PSL que, dessa forma, tem a maior parcela do Fundo Eleitoral para gastar nas
eleições municipais de 2020, embora nem todos os deputados que geraram o ativo estejam
diretamente envolvidos nas campanhas.
Com os recursos o PSL pode promover a eleição de um
significativo número de Prefeitos e vereadores, atraindo candidatos
competitivos com promessa de apoio financeiro. Com a dissidência dentro do
partido, esses não serão os ainda bolsonaristas.
Jair Bolsonaro, ao perder a influência sobre o PSL em função
de divergências com o “dono” do partido, Luciano Bivar, fundou um novo partido,
o Aliança pelo Brasil, com a expectativa de tê-lo registrado até março de 2020,
a tempo de receber os seus deputados federais alinhados, trazendo para o novo
partido os direitos às quotas do Fundo Eleitoral.
Em função dessa perspectiva concordou com o estabelecimento
do Fundo, propondo o valor de R$ 2 bilhões. Resistiu às tentativas do Congresso
em aumentar o valor, o que levou á aprovação por este do valor original
proposto pelo Governo.
Mas os seus apoiadores mais diretos ao perceberem que são
remotas as possibilidades da sua bancada federal levar para o novo partido as
suas quotas, pressionam para que Bolsonaro vete a destinação da verba. O
objetivo é um só: evitar “engordar” o caixa do PSL, dominado pelos desafetos
internos do bolsonarismo.
Com o volume de recursos a direção do PSL irá minar as
possibilidades de avanço das hostes bolsonaristas sobre Prefeituras e Câmaras
Municipais.
Não tem nada a ver com interesses ou disputas nacionais. A
disputa é doméstica, do tipo separação de marido e mulher e quem vai ficar com
o cachorro.
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