Uma das características principais da "velha politica" é a eleição do político como despachante de interesses comunitários, com votos em redutos eleitorais por levar a estes benefícios pontuais. Sejam unidades de saúde ou de educação, pontes, asfalto e outros, através das suas emendas parlamentares. Atuam ainda junto aos órgãos públicos federais para a destinação de recursos e execução de programas para os mesmos redutos.
Em geral, permanecem à sombra, dentro do "baixo clero", raramente emergindo para o "alto clero". David Alcolumbre Tobelén é uma das exceções.
Quando foi eleito para a Presidência do Senado, em fevereiro de 2019, festejado como uma grande renovação, por ter derrotado Renan Calheiros, colocamos um post "Um novo Davi, não tão novo", texto incluído na segunda edição do meu livro "Até onde a vista alcança", pgs 79 a 81, mostrando que a sua trajetória política era típica da "velha política".
Ao final do ano de 2019, aproveitando o recesso parlamentar voltou ao seu Estado, para a plena atividade de despachante, participando da entrega de uma unidade básica de saúde e de um centro de especialidades odontológicas, construídas com recursos de suas emendas parlamentares, conforme mostra reportagem do Valor de 10 de janeiro de 2019.
Valendo-se da condição de Presidente do Senado, levou o Ministro do Desenvolvimento Regional e o Presidente da Caixa Econômica, para anunciar uma destinação de R$ 260 milhões, do Programa Minha Casa, Minha Vida, para a construção de 1.500 unidades em um condomínio popular. Mais à frente, concretizadas as construção, irá para a entrega aos moradores, apresentando-se como o mentor ou padrinho do benefício.
Com isso busca assegurar os votos dos seus eleitores, seja para uma candidatura ao Governo do Amapá, ou para a reeleição para o Senado, em 2022, com a perspectiva de reassumir a Presidência, em 2023.
Não foi à busca dos eleitores pela sua atuação como Presidente do Senado, na condução da reforma da previdência, do "pacote de Sérgio Moro", segurar o projeto da prisão após segunda instãncia, ou outras ações com grande repercussão em Brasília, mas que mal chega em Macapá.
O Amapá, com menos de 500 mil eleitores, o segundo menor do Brasil, perdendo apenas para Roraima, tem o direito de eleger 3 Senadores, tanto quanto São Paulo, com 26 milhões de eleitores. Tem ainda uma bancada na Câmara Federal de 8 deputados, pouco mais que 10% de São Paulo, que está limitado a 70 deputados, com 52 vezes mais de eleitores.
Para atender aos seus eleitores com obras e serviços alinhou-se ao Presidente da República, dentro das usuais práticas do Presidencialismo de coalizão.
A "velha política" emerge com nova roupagem ou novo nome, mas logo volta ao que era antes, confirmando a máxima de Lampeduza que "é preciso mudar para tudo ficar no mesmo".
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