segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Um morto vivo ambulante

Lula foi um grande líder político que levou e manteve o campo político da esquerda ao poder em todos os níveis, gerando uma grande base eleitoral que ainda remanesce, sem muita clareza de qual é o seu tamanho atual.
Preliminarmente deve-se diferenciar entre eleitorado adepto e simpatizante. Os simpatizantes nem sempre consagram o seu voto diante da urna eletrônica - se é que vão votar - nos candidatos nitidamente de esquerda.
O campo da esquerda sempre teve e ainda tem líderes ideológicos, os quais nem sempre tiveram sucesso eleitoral.
Lula nunca foi ideologicamente de esquerda, mas que com o seu discurso "consumista", carisma pessoal, sua capacidade de perceber os anseios dos seus interlocutores domina o eleitorado dos adeptos e simpatizantes de esquerda e tem uma base que o torna competitivo para uma disputa eleitoral. 
A autopercepção dessa condição o leva a assumir uma posição autoritária de mando absoluto do seu partido e de comando do campo politico da esquerda, subordinando os demais partidos e facções aos seus desígnios: "nós só voltaremos ao poder, comigo à frente". Se não disse é o que acha, ou se acha.
Com essa postura autoritária reprimiu a emergência de novas lideranças, tanto dentro do PT, como nos demais partidos de esquerda. 
Lula, no entanto, perdeu grande força, primeiramente, com as denúncias de envolvimento com o mega-esquema de corrupção, revelada pela Operação Lava-Jato e depois com a sua prisão. A perda decorre do contingenciamento do seu público interlocutor.
A sua capacidade de ouvir os seus interlocutores por  cinco minutos ou menos e responder com aquilo que eles querem ouvir sempre foi um dos seus principais trunfos para conseguir adesões e apoios.
Com a suspeita de comprometimento com a grande corrupção, ele passou a ser evitado por diversos segmentos da sociedade, ficando restrito aos seus áulicos, ou em linguagem coloquial aos "puxa-sacos".
A sua prisão e longa temporada nas masmorras da Polícia Federal, em Curitiba, só restringiu mais os seus interlocutores. Levou à perda da capacidade de interação. 
Politicamente tornou-se um "morto vivo", ouvido e atendido apenas pelos seus áulicos, mas popularmente tornou-se um poderoso mito que concorre com outro, esse ainda muito vivo.
O seu autoritarismo poderá levar o PT a um "derretimento" eleitoral maior que de 2016 e à perda da base que ainda garantiu a formação da maior base partidária na Câmara Federal. 
Os seus principais candidatos, são os mesmos de sempre, velhos conhecidos do eleitorado que já se cansou deles.
Lula continua com a sua visão voltada para a década anterior, acreditando que as Martas, Patrus, Olivios e outros ainda tem base eleitoral e com a sua benção seus eleitores irão votar neles.
O PT está eleitoralmente destruído, por obra dele, Lula, mas o lulismo ainda segue como um grande fenômeno social. 





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