sábado, 4 de janeiro de 2020

Mais presidencialismo de confrontação

O presidencialismo de confrontação não é uma escolha de Jair Bolsonaro, mas reflexo da sua natureza pessoal. Consequentemente não irá abandoná-lo em função das circunstâncias, promovendo - quando muito alguns ajustes.
Para o seu exercício ele agirá:

  • defensivamente, quando provocado ou atacado;
  • ofensivamente, provocando ou atacando.
A sua atuação defensiva tende a ser menor, porque os seus opositores maiores já perceberam que o atacar é uma forma de lhe dar maior visibilidade. Ele responderá a qualquer ataque forte com virulência, para gerar a notícia. Ele continuará sendo atacado por forças menores aos quais não dará importância, pois entende que a reação só será notícia e terá repercussão se o adversário for forte. Se for alguma autoridade externa, melhor ainda.

A sua atuação ofensiva dependerá de encontrar oponentes fortes, cujo embate gere notícia. O essencial do presidencialismo de confrontação é manter a visibilidade pública. Para que a sociedade perceba a existência diuturna do Presidente. Se ele se recolher, deixará de ser notícia. 

O problema para ele é encontrar os oponentes para "chamar para a briga". Ele provou Greta Tunberg, chamando-a de "pirralha". Ela simplesmente assumiu a condição, desmontando a tentativa de Bolsonaro aparecer internacionalmente. Ela, pelo contrário, tornou-se celebridade internacional, como a capa do Times, como a personalidade do ano.
Já Leonardo Capri respondeu à provocação, mas com alguma impacto nacional, sem repercussão internacional.
Os ambientalistas são os principais oponentes com que Bolsonaro ainda conta para o exercício do seu presidencialismo de contestação. Mas os embates tendem a diminuir em 2020.
Bolsonaro terá que identificar novos contendores para provocar e "chamar para a briga". Sem esses irá se enfraquecer. Ele precisa se alimentar das brigas, das disputas.
Quem serão os novos contendores: os novos inimigos para ele se exercitar?

Os seus seguidores querem que ele "bata em outros poderes", mas ele sabe que se for derrotado, corre o risco de perder a presidência. Ele precisa bater em quem, respondendo, reforce a sua posição presidencial. 












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