segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Bolsonaro sem Moro


Jair Bolsonaro se cerca de um pequeno grupo de súditos fiéis, nos quais confia que não o irão trair. Até porque qualquer suspeita de traição o levará a demiti-lo.
Alguns cobram o seu preço. O seu amigo de longa data, Alberto Fraga quer, porque quer, em nome da velha amizade e fidelidade, o Ministério da Segurança Pública. Ainda que isso signifique enfraquecer o Ministro Moro, podendo levá-lo a deixar o Governo.
Foram os demais adeptos de Bolsonaro que questionaram a troca: Moro ou Fraga? A sensação é que o Governo ficaria mais fraco, com perda de popularidade, comprometendo o seu futuro.
Não quis correr o risco e voltou atrás. Moro acabou ficando mais forte, o que contraria os projetos políticos de Bolsonaro. Este não desistirá das tentativas de enfraquecer Sérgio Moro, visto como c 

Achava que em Brasília teria mais condições para o combate à corrupção do que ficando em Curitiba. Ao ingressar na carreira política, mesmo com grande força pelo apoio popular, percebeu que o jogo era muito diferente da carreira judiciária. Nessa não pode articular, negociar. Se o fizer será contestado e até punido. Na política a articulação e negociação é o essencial.
Esse aprendizado político é essencial para avaliar as supostas intenções dele em se candidatar à Presidência da República, em 2022. A maioria dos seus apoiadores tem uma visão romântica do poder do Presidente da República. Sérgio Moro viveu e vive pessoalmente com as restrições e as adversidades.
Em termos populares, ele tem engolido um sapo, por dia. O povo talvez não se dê conta que Jair Bolsonaro foi obrigado a engolir um “sapão” chamado Alberto Fraga. Mas Bolsonaro com longa carreira política no baixo clero da Câmara já tem um estômago mais forrado. O que Sérgio Moro, ainda não tem.
Se vier a ser eleito em 2022, terá ainda que conviver com uma saparia ou saparada no Supremo Tribunal Federal. Parece preferir ser integrante desse coletivo, do que enfrentá-lo como Presidente da República. Provavelmente ainda terá que negociar com Rodrigo Maia, que está com condições favoráveis – de momento – para ser reeleito deputado federal, em 2022 e retornar à Presidência da Câmara em 2023, com mais força do que atualmente. Terá que dividir o poder o Estado com ele.

O que o povo quer dele é uma coisa. O que ele pessoalmente quer não é a mesma coisa.


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