Jair Bolsonaro se cerca de um pequeno grupo de súditos
fiéis, nos quais confia que não o irão trair. Até porque qualquer suspeita de
traição o levará a demiti-lo.
Alguns cobram o seu preço. O seu amigo de longa data,
Alberto Fraga quer, porque quer, em nome da velha amizade e fidelidade, o
Ministério da Segurança Pública. Ainda que isso signifique enfraquecer o
Ministro Moro, podendo levá-lo a deixar o Governo.
Foram os demais adeptos de Bolsonaro que questionaram a
troca: Moro ou Fraga? A sensação é que o Governo ficaria mais fraco, com perda
de popularidade, comprometendo o seu futuro.
Não quis correr o risco e voltou atrás. Moro acabou ficando
mais forte, o que contraria os projetos políticos de Bolsonaro. Este não
desistirá das tentativas de enfraquecer Sérgio Moro, visto como c
Achava que em Brasília teria mais condições para o combate à
corrupção do que ficando em Curitiba. Ao ingressar na carreira política, mesmo
com grande força pelo apoio popular, percebeu que o jogo era muito diferente da
carreira judiciária. Nessa não pode articular, negociar. Se o fizer será
contestado e até punido. Na política a articulação e negociação é o essencial.
Esse aprendizado político é essencial para avaliar as
supostas intenções dele em se candidatar à Presidência da República, em 2022. A
maioria dos seus apoiadores tem uma visão romântica do poder do Presidente da
República. Sérgio Moro viveu e vive pessoalmente com as restrições e as
adversidades.
Em termos populares, ele tem engolido um sapo, por dia. O
povo talvez não se dê conta que Jair Bolsonaro foi obrigado a engolir um
“sapão” chamado Alberto Fraga. Mas Bolsonaro com longa carreira política no
baixo clero da Câmara já tem um estômago mais forrado. O que Sérgio Moro, ainda
não tem.
Se vier a ser eleito em 2022, terá ainda que conviver com uma
saparia ou saparada no Supremo Tribunal Federal. Parece preferir ser integrante
desse coletivo, do que enfrentá-lo como Presidente da República. Provavelmente
ainda terá que negociar com Rodrigo Maia, que está com condições favoráveis –
de momento – para ser reeleito deputado federal, em 2022 e retornar à
Presidência da Câmara em 2023, com mais força do que atualmente. Terá que
dividir o poder o Estado com ele.
O que o povo quer dele é uma coisa. O que ele pessoalmente quer não é a mesma
coisa.
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