quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

O penúltimo ato

Ao meio das retrospectivas do ano e comentários sobre as supostas derrotas de Sérgio Moro, com o não veto do Juiz de Garantias, um episódio - aparentemente menor - só ganhou alguma repercussão pelo flagrante de um Prefeito da Paraíba, colocando o  dinheiro da propina na cueca. 
O que dá notícia não é a ocorrência da propina, apenas mais uma informação. Mas o "dinheiro na cueca", de propina vira notícia. 
As foto só foram possíveis, porque o Ministério Público e a Policia Federal vinham monitorando o movimento da quadrilha, gravando e filmando tudo.
Ou o que é provável é que o extorquido (e corruptor) o empresário George Barbosa tenha promovido as gravações e filmagens, para se defender e apresentar como provas em delação premiada, o que acabou por fazer e levar o político e seus assessores à serem presos.
O deputado federal Wilson Santiago eleito em 2018 entrou na quota dos novos, uma vez que não estava na Câmara dos Deputados, não sendo pois, reeleito. Mas não é nenhum novo. Foi eleito deputado federal, na Paraíba, em 2002 2006. Em 2010 foi eleito Senador, mas teve o mandato cassado pelo TSE. Em 2014 tentou novamente o Senado, sem sucesso. Em 2019 voltou à Câmara dos Deputados, com 86.208 votos e gastos declarados de R$ 1,88 milhões.
A sua fala ao empresário é emblemática: "Tu acha (sic) que resolve essas coisas sem dar nada a ninguém?”
Embora as tratativas para a contração da obra que deu origem às propinas detectadas tenham sido iniciadas em 2017, foram efetivadas em 2018 e os pagamentos seguiram até o segundo semestre de 2019, já com Jair Bolsonaro no exercício da Presidência e Sérgio Moro, no Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Significa que apesar de todas Operações Lava-Jato e subsequentes a prática de cobrança de propinas em obras públicas, segue em operação. 
Em escala menor que as megaoperações do Petrolão, sem utilização de mecanismos complexos, tudo em papel moeda. 
Embora não tenham repercussão nacional, a percepção ou conhecimento das práticas ocorre dentro dos eleitorados locais ou regionais, o que fará com que o combate à corrupção ainda seja um fator eleitoral importante em 2020. 



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