Os desmatadores tem interesses econômicos específicos que não são muito transparentes e, principalmente, como se integram dentro da cadeia produtiva.
Eles não ganham pelo desmatamento em si, pela derrubada e venda da madeira, mas também pela venda da terra desmatada. O desmatador é um elo que bifurca em duas correntes subsequentes: a dos compradores da madeira das árvores derrubadas e a dos compradores do terreno desmatado. O mercado de madeira é seletivo, só demandando "madeira de lei" para móveis diferenciados. É um mercado da riqueza que não tem demanda suficiente no Brasil, fazendo com que grande parte dela seja exportada. Como essa madeira tem restrições de exportação, as operações são predominantemente ilegais, conectando a redes igualmente ilegais no exterior.
O desmatador não compra a propriedade para desmatar. Ele a invade, por conta própria, ou de acordo com um grileiro que assume a posse do terreno. Em muitos casos é um terceirizado do grileiro para derrubar a área florestada.
Uma vez derrubada as árvores e retiradas aquelas de valor comercial, ficam as demais no chão.
A etapa subsequente é a queimada desses e da mata restante para tornar o terreno adequado para pastagem ou para plantação. Essa queimada deveria ser controlada, limitada ao terreno a ser preparado, mas em função da temperatura e dos ventos pode fugir ao controle, se propagando por áreas vizinhas.
Depois da queimada o terreno está adequado para a sua exploração agropecuária. No caso da pecuária ainda é preciso esperar o renascimento do capim e de outras plantas rasteiras que irão servir de alimento para o gado. Em alguns caso, a alternativa é de alimento por rações produzidas na própria área ou industrializadas.
Depois de algum tempo, a área é considerada degradada e passa a atender a lavoura. No geral são áreas de tamanho pequeno ou médio. Não são mega áreas, uma vez que o processo de desmatamento e ocupação ficaria muito visível.
O agronegócio não pode se eximir da responsabilidade pelo desmatamento e pelos incêndios, porque ele está na ponta do processo, comprando as áreas desmatadas e preparadas, para a sua exploração agropecuária.
Não é, no entanto, o segmento mais moderno, voltado para as exportações. Esse busca os aumentos de produção pelos ganhos de produtividade, mediante o uso intenso de tecnologias, o que requer grandes investimentos.
O segmento que se vale das áreas desmatadas é daqueles com menor produtividade e competitividade.
É a banda ou maçã podre que prejudica o conjunto.
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segunda-feira, 20 de julho de 2020
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