sexta-feira, 17 de julho de 2020

Impasses ambientais (2)

O agronegócio mostra ao mundo os seus recordes de produção, contribuindo para a segurança alimentar da humanidade, sem necessidade  de desmatar a Amazônia, contando com ampla disponibilidade de ocupação no cerrado e em áreas degradas, em todas as regiões. Precisar não precisa, mas tem avançado sobre a floresta amazônica.
O setor não é uniforme, tendo sempre uma parte menor ruim, com a qual a maioria é leniente e conivente.
A maioria é de grandes produtores e exportadores que não desmatam a floresta amazônica para expandir a sua produção, valendo-se mais da escala de produção, da tecnologia, obtendo ganhos de produtividade.
Já a parte menos eficiente precisa de terras mais baratas e as obtém em terras griladas e desmatadas.
Estão voltadas para o mercado interno, porque tem 
dificuldade de exportação, são minoria, mas dominam a imagem negativa do Brasil no mundo.

Por que apesar disso, seja o Governo, como o próprio agronegócio deixam essa minoria continuar com as suas práticas deletérias? 
Porque esse grupo deu apoio ao candidato Bolsonaro, quando ele era um "outsider" desacreditado pela maioria da sociedade brasileira.
Levaram os seus pleitos ao candidato alegando que a politica ambiental prejudicava o agronegócio e a economia brasileira, não os deixando trabalhar e produzir "para o bem do Brasil".
Ademais era arbitrária, destruindo equipamentos produtivos de alto valor, como grandes tratores e caminhões. 
Bolsonaro lhes prometeu que, se eleito, acabaria com as restrições que não os deixavam trabalhar e proibir a destruição dos equipamentos.

Eleito, cumpriu  as promessas e mantem o apoio a esse grupo, que responde, com o seu apoio popular. Fazem parte do terço dos eleitores que se mantém firme no apoio a Bolsonaro, considerando o seu Governo, como ótimo e bom.
Tem os seus representantes dentro do Governo e no parlamento,  dando suporte de votos para a aprovação de projetos de "interesse" do Governo.
Bolsonaro não atua contra esse grupo de apoio, sustenta Ricardo Salles que executa as ações a seu favor, desmontando a fiscalização ambiental. 
Mesmo diante dos riscos que essa posição possa trazer à sua reeleição, a mantém, por convicções pessoais. Mas não se contrapôs à intervenção militar que se propõe a combater o desmatamento e os incêndios, com contingentes militares até 2022. Em 2019 já foram adotadas essas medidas, mas com o retorno das tropas aos quartéis, o desmatamento voltou de forma ainda mais ampla. Para evitar novos surtos que possam prejudicar a reeleição de Bolsonaro o General Mourão assumiu o comando efetivo das ações governamentais na Amazônia, para a garantia não só da lei, da ordem,  como da manutenção do Governo e a reeleição de uma chapa pro-militar.
A intervenção militar comandada pelo General Mourão não é uma ação anti-bolsonaro, mas pró-bolsonaro e uma indicação de que qualquer movimento que ameace a reeleição da chapa, pode levar a maior interferência militar. 
A interferência na Saúde faz parte dessa estratégia, nem sempre bem sucedida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Lula, meio livre

Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...