quarta-feira, 29 de julho de 2020

"A troco do que"?

A tempestade gerada pela conjugação de crises, fez com que muitos empresários deixassem de cuidar exclusivamente dos seus negócios e da preocupação com os retornos econômicos, para se engajar em movimentos de solidariedade, assim como de manifestações políticas (ou sobre políticas públicas), voltando-se também para a cidadania.
Dentro da lógica econômica, que está sempre presente nas ações dos empresários, quais são os retornos esperados ou desejados.
Nas ações de solidariedade, através de doações, existem tanto uma ação efetivamente humanitária de solidariedade com quem não tem recursos suficientes para atender às suas necessidades básicas, como a alimentação, ou tratamento de doenças e o retorno é emocional. Segundo o dito popular: "ficar com a alma lavada".
Mas há também uma visão religiosa, que sempre foi explorada pelas igrejas: espiar alguma culpa, perante Deus: "quem dá aos pobres, empresta a Deus". Como é empréstimo, esperam por um devido retorno. 
Em alguns casos, as doações buscaram melhorar uma imagem desgastada da empresa, por ações anteriores reprovadas pela sociedade. As grandes e pioneiras doações da Vale, para a importação de testes e respiradores, se não teve aquela intenção, foi percebida como tal e teria melhorada a sua imagem, reiterada por sucessivas propagandas.

Já em relação à mobilização política, o retorno não é sentimental ou religioso, mas ambiental ou circunstancial (no sentido sociológico). Significa interferir nas circunstâncias em que a pessoa vive, ou em outros termos, nas circunstâncias brasileiras.
Parte de uma visão de que o Brasil vai mal e é preciso fazer alguma coisa. 
Contrapõe-se ao escapismo: se a situação no Brasil está ruim, para alguns a saida está no Aeroporto: migram para outros países, na esperança de uma vida mais segura, melhor.
Outros empresários preferem permanecer no Brasil, no comando de suas empresas e negócios e parte deles se encaminham para uma ação política não partidária, tampouco eleitoral, preferindo-se unir em movimentos ou apoiando manifestações coletivas escritas.
O tema inicial que levou à manifestações públicas mais amplas de empresários foi a defesa da democracia, associando-se a iniciativas de artistas, intelectuais,  juristas e outros, diante de uma movimentação de grupos radicais, com apoio  do Presidente da República, pelo fechamento de instituições e poderes. 
As manifestações dos pró-democracia inibiram os movimentos anti-democráticos, Bolsonaro desistiu de apoiar esses movimentos e levou também à desmobilização dos pró-democracia. Poucos empresários "de peso" participaram das manifestações, mesmo para a simples assinatura de apoio. 
Que retorno buscavam os empresários pró-democracia e o que obtiveram de retorno efetivo? Ou tiveram perdas, por retaliação dos movimentos antidemocráticos ou do próprio Governo?
Por outro lado, qual o retorno esperado e obtido por empresários apoiadores dos movimentos antidemocráticos ou de ações radicais de apoio ao Governo? Alguns sofreram ou teriam sofrido boicotes por parte de consumidores e se recolheram. Mas a pergunta fica no ar? Qual o retorno? De que dimensões?

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