O Brasil é um país sem rumo?
Uma impressão é de que o Brasil era uma nau à deriva, buscando seus caminhos, quando foi alcançado por uma forte tempestade. Não vai afundar e uma pergunta recorrente é: passada a tempestade, que direção tomar?
Ainda nos anos 30 o Brasil fez uma grande inflexão na sua trajetória, a partir de uma revolução iniciada por um grupo de tenentes do Exército, contrapondo-se ao modelo dependente do mercado externo. O Brasil era um país exportador de commodities agrícolas (café) e minerais (ferro) e importador de bens industrializados para atender a um mercado doméstico restrito a uma elite detentora da renda nacional, associada às exportações.
O Brasil entrou na rota da expansão do seu mercado interno, associada à industrialização: promovida e financiada pelo Estado. Este recorreu a financiamentos externos para a realização de investimentos em infraestrutura, enquanto ampliava as suas despesas de custeio.
Esse rumo vem sendo seguido ao longo de todos os anos até o presente, próximo a completar um século, promovendo a urbanização, a modernização, a melhoria das condições de vida de milhões de brasileiros, embora com grande desigualdade - seja de oportunidades e de resultados - o desenvolvimento cultural e outros benefícios, a par de alguns maleficios, como um ampla devastação florestal, a formação de favelas e outros.
Sofreu abalos. O modelo perdeu vitalidade e ajustes desastrosos levaram a uma prolongada estagnação econômica da economia brasileira. Estava em nova fase de ajustes, quando foi alcançada pela tempestade provocada pelo novo coronavirus e das medidas para o seu combate.
As variações foram em torno de maior fechamento ou aberturas relativas, mas sempre com foco no mercado interno. Outros países, como Cingapura, Coreia do Sul, Nova Zelândia, Chile e outros optaram pela rota de maior inserção na economia mundial. O fizeram porque o seu mercado interno é relativamente pequeno, em função do seu tamanho. Mas Japão, primeiramente, e China mais recentemente optarem pelo aumento da participação das exportações, dentro do seu PIB, alavancando o desenvolvimento subsequente do seu mercado interno.
O Brasil, a partir da República fez a opção pela rota do mercado interno, como a principal base do seu crescimento econômico. Levou ainda alguém tempo para a sua adoção e consolidação. Vem mantendo a opção, ao longo de mais um século.
O Governo atual foi eleito com a promessa de grande mudança na economia, mas as suas propostas não alteram o rumo estrutural da economia. É mantida a base da economia a demanda interna, seja o consumo como o investimento.
A principal mudança está na promoção do desenvolvimento segundo uma economia liberal, tendo como principais instrumentos a privatização, as reformas estruturais e a maior abertura da economia. Essa abertura não está na ampliação da corrente de comércio, mas na maior abertura do seu mercado interno, eliminando barreiras ainda remanescentes que restrinjam as importações.
VOLTAR A CRESCER COM BASE NO SEU MERCADO INTERNO, ATRAVÉS DE UMA ECONOMIA LIBERAL, PRIVATIZAÇÃO DE EMPRESAS ESTATAIS E DA APROVAÇÃO DAS REFORMAS ESTRUTURAIS.
Esse é o rumo proposto por Paulo Guedes para o Brasil.
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