segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Imaginário popular e esperanças

 Iniciada a campanha eleitoral pelas rádios e tvs algumas mudanças importantes podem ocorrer nas bases eleitorais dos candidatos.

Os candidatos passam a ser mais conhecidos e passa a predominar o imaginário popular.

Volta a prevalecer o principal fator que motivará ou influenciar o voto do eleitor: a esperança. A esperança de uma vida melhor.

Em 2002 a esperança nacional chamou-se Lula, em 2018, o novo nome foi Bolsonaro. Em São Paulo, em 2016 a esperança emergiu como Dória, mas essa foi traida pelo abandono precoce da Prefeitura. Em 2020, por enquanto, nenhum nome encarna a esperança. Apenas Boulos e Artur do Val vem emergindo para ocupar o lugar.

Em 2020 a pandemia provocou uma piora nas vidas da maioria do paulistano. A esperança é marcada pela perspectiva de vencer o coronavirus, recuperar o que se perdeu e retomar uma trajetória de melhoria.

Dentro do imaginário popular quais as figuras que são percebidas como as melhores para retomar a esperança.

A figura na liderança é do protetor, agora associada a do provedor, representada por Celso Russomanno. Com o seu programa de TV ele criou a imagem de protetor do consumidor. A imagem está acima das ideologias e partidos, o que explica o apoio de eleitores do PT em pleitos anteriores a Russomanno. Para compensar a inevitável migração de parte desses eleitores a outros candidatos, ele está agregando a imagem de provedor, associando-se a Bolsonaro e prometendo um tipo de "auxílio emergencial paulistano".

Bolsonaro, com o renda Brasil, está tentando capturar  a imagem de principal provedor, assumido por Lula. Os oponentes estão segurando a aprovação, para não ocorrer antes das eleições. Bolsonaro, os bolsonaristas e seus apoiados tem que enfrentar a frustração de muitos com a descontinuidade ou com a continuidade com valores menores do auxílio emergencial. A frustração tende a ser maior que a esperança.

A figura forte no imaginário popular é a do superador, o que consegue superar as adversidades, principalmente o risco da morte. Bolsonaro ganhou muito em 2018 ao vencer as consequências da facada. Bruno Covas é percebido como um superador, que venceu várias crises graves decorrente do câncer e não abandonou o posto para combater o coronavirus. Para alguns não é só um superador, mas também um vencedor. 

Boulos emerge como a figura de um incansável lutador, na defesa dos miseráveis da cidade. Diferentemente de outros que discursam a favor "dos que mais precisam", Boulos assume o comando deles, com o exército de maltrapilhos dos "sem teto", seja dos moradores de rua como dos invasores de propriedades públicas e privadas, para instalar as suas barracas de lona.

É um lutador com muitos adversários que poderão se unir para evitar a sua eleição. 

Pelo que mostram as pesquisas antes do início da campanha oficial, Boulos é quem irá tirar mais eleitores ainda favoráveis a Russomanno: os petistas  e os jovens. A incógnita é o quanto essas perdas serão compensadas pelo bolsonarismo. Segundo as pesquisas, em pequena monta.

Na reta final da campanha as propostas para a cidade ou a nacionalização darão lugar ao emocional, à capacidade de atração das figuras marcantes dentro do imaginário popular.


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