No início do século, os ambientalistas brasileiros se anteciparam aos movimentos mundiais e sob os auspícios do Governo Lula, com Marina Silva à frente, conseguiram a aprovação de uma legislação radical amplamente proibitiva dentro da visão de preservação absoluta das florestas, das matas, das restingas e outros ambientes originais da natureza. A hegemonia absoluta era do preservacionismo, dentro do qual "nada podia ser feito" nas áreas destinadas à preservação.
Para garantir o cumprimento,
conseguiram aprovar medidas penais rigorosas, como a afiançabilidade dos crimes
ambientais.
As
medidas foram aprovadas na crença de que seria mais um conjunto de leis que “não
pegam”. Mas pegou com a montagem de um amplo mecanismo de fiscalização
ambiental, ainda que insuficiente.
A
exploração econômica das áreas protegidas seguiu incólume.
Um grande embate político regulatório ocorreu
com a tramitação do Código Florestal, no qual se chegou a um acordo, com
pequena vitória dos produtores. Os ambientalistas, embora tenham assegurado
muitas medidas protetoras do meio ambiente natural, não se conformaram e
mantiveram o seu ativismo pelo “nada pode” e contra as anistias aos
contraventores.
As principais ocupações nos mangues, restingas e outros biomas
litorâneos, ocorreram para a produção de camarões e instalações imobiliárias.
Dada a hegemonia do pensamento
ambientalista, fortemente patrulhado, os produtores não se manifestavam
amplamente, preferindo desenvolver os seus negócios clandestinamente.
Parte, no entanto, tomou o caminho
político dando apoio a um candidato presidencial, marcado pela rebeldia e
contestação ao estabelecido, com propósitos de romper com o "status
quo", inclusive na área ambiental.
Eleito, Jair Bolsonaro encontrou em
Ricardo Salles, militante da área ambiental, mas como opositor das políticas
estabelecidas, o executor ideal para promover as mudanças. Liberal, contra as
intervenções do Estado sempre defendeu a revogação de todo o aparato
regulatório e fiscalizador do Estado.
Achou
que com a atenção da sociedade voltada para a pandemia, poderia passar a
revogação ampla das restrições ambientais, em "baciada".
Destemido,
não se intimidou com as reações contrárias e seguiu nos seus propósitos,
conseguiu a mudança na composição do CONAMA e fez aprovar a revogação das
medidas que protegiam os mangues, as restingas e outro biomas naturais do
litoral brasileiro, gerando forte reação midiática e indignação da sociedade
urbana.
O Governo vem adotando a estratégia da
"destruição criativa", na área ambiental. Primeiro quer destruir tudo
o que foi construído pelos governos anteriores para montar uma nova política e
organização institucional e administrativa ao gosto dos seus apoiadores e seus,
privilegiando a produção econômica.
Tal estratégia tem causado efeitos
indesejáveis a curto prazo, como o aumento relativo do desflorestamento e,
principalmente, um imenso crescimento de queimadas, aceleradas e ampliadas
pelas altas temperaturas e menor proteção.
A repercussão internacional dessas
ocorrências, já vem prejudicando as vendas de produtos do agronegócio no
exterior, assim como o interesse dos investidores internacionais.
O Governo Bolsonaro está na metade do
seu mandato, ainda tem dois anos para promover uma renovação criativa.
Aparentemente não sabe que, nem como. Sabe destruir, mas não sabe como reconstruir.
O impacto dessa estratégia de
"destruição criativa" não será só ambiental, mas - principalmente -
comercial e financeiro. Compromete a retomada do crescimento econômico,
pós-pandemia.
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