A Copa do Mundo da FIFA até agora tem sido um sucesso, apesar de alguns percalços. Principalmente por aqueles que se consideravam favoritos e perderam, alguns de forma humilhante. Por enquanto a Copa de 2014 não está sendo a Copa das Copas para os espanhóis, para os uruguaios e até para os japoneses. Os ingleses ainda tinham alguma esperança, mas tanto falaram das condições inóspitas de Manaus que God, que não é inglês, os presenteou com o calorão e alta umidade do ar. E Balotelli apareceu.
A organização da competição não está atendendo ao padrão FIFA. O show de abertura foi padrão "festinha de escola pobre". Nada a ver com a exuberância das festas populares brasileiras. Problemas com ingressos não fazem jus ao decantado "padrão FIFA". Falta de alimentos e bebidas, não são compatíveis com a excelência de qualidade. E apesar dos grandes públicos era possível perceber vazios nas arquibancadas.
Pelo visual os turistas estrangeiros longínquos acorreram em massa ao Brasil, para acompanhar os jogos da sua seleção. Salvador foi invadido pelos holandeses. Ingleses e italianos tomaram conta de Manaus. Os mexicanos invadiram Natal. Era possível perceber contingentes de torcida africana. Os norte-americanos que foram os que mais ingressos compraram ainda não se mostraram. Tampouco os australianos, ofuscados pelos chilenos. A desconfiança é que os ingressos foram comprados pelos mexicanos nos EUA. Não foram os próprios estadunidenses.
Os "hermanos" chegaram em grandes quantidades, por via terrestre, conforme já se esperava. A perspectiva de classificação da Colômbia promoverá a invasão em Cuiabá, para o confronto com o Japão. A decepção ficou por conta dos uruguaios.
E não se manifestaram, até agora, grandes problemas nos aeroportos. Vários pequenos ocorreram, mas não houve nenhuma situação de caos, como os catastrofistas previam. Mas isso não significa que as obras foram concluidas. Apenas está sendo dado o "jeitinho brasileiro". Os dois maiores riscos, no entanto, ainda não foram vencidos. Fortaleza, no início da próxima semana, com o jogo do Brasil e a final no Rio de Janeiro. E ainda paira o risco dos nevoeiros que já atrasaram voos no sul. Mas sem "efeito dominó".
As perspectivas com o turismo podem ser superadas.
A Copa do Mundo da FIFA, edição 2014, será a Copa das copas, uma copa memorável para a Presidente Dilma. Nunca antes neste país, um Presidente foi tão xingado. E está sendo xingada por um mesmo refrão que está sendo entoado mesmo sem corpo presente.
Ontem foi ofendida em massa pela "elite branca" no Mineirão, em Belo Horizonte, e na Arena Pantanal, em Cuiabá, mesmo não estando lá. Pode-se dizer que não chegou ao Nordeste. Terça-feira será o teste.
O que começa a ser percebido é que não foi o "povo" que se manifestou nas ruas em junho de 2013, para mostrar o seu descontentamento e indignação. Foi a "elite branca" que recuou quando recebeu a companhia dos movimentos sociais e dos black-blocs.
Não voltou às ruas. Está indo para os estádios e gerou um atrativo adicional. Além de torcer pela seleção que estará em campo, a massa de 40 mil ou mais brasileiros criou dois novos "esportes": continuar entoando o hino nacional, a capela, sem o acompanhamento musical, como demonstração de patriotismo e apoio aos jogadores e xingar a Presidente. Uma ação de massa é sempre emocionante para quem está participando. Só sabe quem já participou e acompanha o coro. Quando toma conta da massa é uma sensação indescritível.
É o efeito manada. É pura emoção. Não tem juízo de valor, por que não cabe juízo, nessa hora. Mas é a manifestação de um sentimento interno reprimido: pelos juízos de valores.
É a existência desse sentimento reprimido que precisa ser devidamente considerada. Não é apenas da elite branca, é de todo povo brasileiro.
Futebol: é uma bobagem. É o ópio do povo. Ou atualizando o "crack do povo". É o que acha a "elite branca". Acha que deve ignorar a Copa, o futebol, mas de repente se vê diante da televisão acompanhando os jogos e torcendo. Não entende nada e fica a favor da cor. Torcendo por aquele time de branco, de azul ou de amarelo. O futebol tem uma sedução, nunca suficientemente explicado. Com todas as narrações e comentários, é emoção pura, primária, tribal. Aplaude-se e xinga-se. Xingar faz parte intrínseca do torcedor, seja aficcionado ou eventual, como agora.
Cantar o hino nacional quando a música cessou: "babaquice", "patriotada". Até que você se pega entoando - porque não sabe a letra toda - junto com a multidão. E se emociona. Depois se refaz e nega que tenha feito.
Os termos da xingação da Presidente não tem nada de alto ou baixo calão: é apenas um bordão. Os norte-americanos usam o "fuck you" como vírgula e os franceses o "merde".
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