Os metroviários embarcaram numa aventura, levados por uma direção sindical que lhes acenou com a conquista de melhores índices de reajustes salariais, em função do receio do Governo em relação às perturbações durante a Copa.
O Governo Estadual "está pagando para ver". Não cedeu e não vai ceder. Vai aguardar e cumprir o dissídio que for decidido pela Justiça do Trabalho. Por uma razão simples: não pode aceitar a chantagem da Copa e abrir precedentes.
Ficou fortalecido por dois eventos que ocorreram entre ontem e hoje.
Primeiro: no último jogo oficial da seleção brasileira, com a presença de 67 mil torcedores, mais do que irão para a abertura, todos chegaram ao estádio: de alguma forma. Mesmo sendo uma sexta-feira, com greves, chuvas e os maiores índices de congestionamentos na cidade.
Os trabalhadores tiveram muitos problemas para chegar ao trabalho ou retornar desse para casa. Os torcedores chegaram ao estádio do Morumbi e também conseguiram voltar. Os problemas foram os usuais, com os flanelinhas e estacionamentos caros no entorno do estádio.
Os torcedores conseguiram chegar. Os manifestantes anti-copa não. O MTST que prometia bloquear os acessos ao estádio ficaram na periferia, sem conseguir se aproximar do estádio. A greve do metrô os afetou mais que aos torcedores.
No jogo da abertura da Copa os problemas não serão os usuais, com problemas aos quais os torcedores não estão acostumados e não ocorreram ontem no Morumbi.
Na Copa não é permitido chegar de carro próximo ao estádio, havendo uma zona de exclusão, da ordem de 2 km. Os que estão acostumados a ir de carro e que pretendem usar o seu veículo, terão problemas para estacionar.
As revistas serão mais rigorosas e demoradas. Quem não chegar pelo menos 3 horas antes do início do jogo corre o risco de só entrar no estádio depois do jogo começado.
O Itaquerão é servido por uma linha de metrô e outra de trem. Os metroviários poderão estar em greve. Se a CPTM estiver funcionando os torcedores irão de trem, que tem vantagem: é expresso. O metrô é uma facilidade, mas não essencial.
O Morumbi não é servido por metrô, nem trem. A única linha que atende é privada, não deixou de funcionar, mas a estação mais próxima está a cerca de 7 km. Que muitos fizeram a pé.
O transporte coletivo mais usual foi o ônibus e quase 70 mil torcedores chegaram. Na Copa o maior volume será dos ônibus fretados que irão levar os turistas dos hotéis ao estádio. As tentativas de bloquear a sua passagem serão reprimidas. Se necessário, com violência. É o que querem alguns dos manifestantes, mas não evitarão a chegada dos torcedores ao estádio.
Ademais, sendo feriado, com o interesse maior da população em acompanhar o jogo em casa, pela televisão, a cidade estará vazia. Haverá maiores alternativas de rotas.
O segundo fato é a pesquisa da Datafolha que mostra Alckmin mantendo folgada vantagem, com o candidato do PT ainda não conseguindo decolar. Mesmo que venha a haver um segundo turno, o concorrente do atual governador não seria Padilha.
Os metroviários querem parar o metrô, no dia do jogo. Podem parar. Só causarão maior irritação da população. Poderão ter o apoio dos anti-copa, mas esses são poucos e só conseguirão gerar alguma perturbação local.
O que lhes resta é a adesão dos demais trabalhadores e sindicatos. Uma solidariedade difícil de conseguir, porque o Sindicato dos metroviários é um dos poucos independentes das grandes centrais sindicais. É dominado por um grupo ligado ao PSTU e as Centrais e os demais partidos não tem nenhum interesse em fortalecê-los. Ao contrário, interessa desgastá-los para tirá-los da direção sindical.
Da mesma forma que o Governo Estadual não podem recuar. A saída honrosa é aceitar o dissídio. Tentar sustentar uma greve, sem o cumprimento das exigências judiciais só irá ampliar o desgaste da direção sindical. Mesmo que a Justiça aceite a greve como legal, caso sejam cumpridas as exigências de manutenção dos mínimos de serviços.
Se forem atender aos 100% no horário de pico e 70 % fora dele não será greve, mas o funcionamento acima do normal.
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sábado, 7 de junho de 2014
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