Com a construção da Arena Corinthians, mais conhecida como Itaquerão, o bairro de Itaquera - pelo menos por 40 dias - será um local mundial.
A visibilidade internacional trará turistas, moradores ou investimentos estrangeiros para o bairro? Provavelmente não.
Terminada a Copa, depois de algum tempo, será esquecido pela mídia internacional. A menos de eventuais reportagens especiais para saber o que aconteceu com o local da abertura da Copa 2014.
A maior curiosidade internacional será averiguar se o estádio virou ou não um elefante branco.
O bairro não conta, a curto prazo, com atrativos adicionais capazes de trazer ou fixar em seu território pessoas ou capital estrangeiro. Dependerá do desenvolvimento prévio endógeno.
Já em termos municipais, a construção do estádio e a realização de 6 jogos da Copa do Mundo da FIFA de 2014, inclusive o da abertura, Itaquera poderá mudar a percepção popular sobre o bairro e promover uma grande transformação a médio prazo.
A imagem do bairro é de uma longínqua periferia pobre, o que é logo associada à violência.
A curto prazo irá viver a ressaca da Copa. A perspectiva da sua realização provocou uma enorme especulação imoibliária com elevação dos preços de venda e locação das casas da região. Alguns embalados pela imaginação da invasão estrangeira na região promoveram uma locação por curto prazo por verdadeiros absurdos. E consta que alguns conseguiram alguns incautos.
A bolha imobiliária que foi inflada com a perspectiva da Copa irá se esvaziar, podendo até mesmo estourar, com queda brusca do valores, pela frustração das expectativas de um grande surto de novos empreendimentos imobiliários, como ocorreu no Tatuapé.
Os jogos rotineiros do Corinthians no Itaquerão trarão os seus torcedores ricos que, presentes costumeiramente, podem perceber oportunidades de investimentos, vencendo os preconceitos.
A maior dificuldade continuará sendo a logística ou a acessibilidade. Para os torcedores, em geral, o metrô será a melhor solução. Porém os decisores continuarão usando o seu carro e terão dificuldades de chegar até o local pela Radial Leste. Nos jogos durante a semana terão que enfrentar a concorrência dos que estão retornando às suas casas e nos domingos, com menos trânsito a sensação será de que é muito longe.
A criação de um novo polo de escritórios só tem um paralelo que não se desenvolveu inteiramente: Conceição. Alphaville decorreu de um plano privado de urbanização, numa área vazia, pouco valorizada mas beneficiada por uma nova rodovia e retificação do rio. Teve percalços, mas hoje é um novo polo metropolitano. A Chácara Santo Antonio, desenvolveu-se lenta e gradualmente junto a um bairro de classe média alta: a Granja Julieta, também favorecida pelo acesso à Marginal Pinheiros. O seu início foi a instalação do Centro de Processamento de Dados do Banco do Brasil. A Berrini, foi a ocupação de uma várzea como alternativa de extensão da Faria Lima, com muitas áreas vagas.
Conceição foi um dos casos que mais se aproxima da situação de Itaquera. Era ocupada, antes da chegada do Metrô, densamente por casas de classe média baixa e também pela D e E, com poucos espaços vazios. Com a chegada do metrô, houve uma grande valorização imobiliária, resultando na expulsão dos moradores das classes mais baixas, das áreas mais próximas da estação e o lançamento de múltiplos empreendimentos imobiliários para a classe média, a maioria de empreendedores locais ou regionais. Junto á estação foram implantados três grandes empreendimentos, incentivados pela Prefeitura, mas não teve continuidade, com a saída do Prefeito Olavo Setúbal. O mercado imobiliário preferiu outras áreas.
Itaquera será mais conhecida por integrantes das classes mais altas, com capacidade de investimento. Será ela vista como oportunidade? Os indícios não são promissores, mas pode haver surpresas.
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