domingo, 31 de maio de 2020

(2) Novo normal da política

A política é um processo derivado da sociedade. Portanto depende das mudanças da sociedade que se impõe como novas realidades e de como os políticos eleitos por ela ou reagem às circunstâncias. Ou dos candidatos a cargos eletivos, como ocorrerá já nas próximas eleições municipais, marcadas para 2020.
A sociedade está em mudança, decorrente das inovações tecnológicas, que antecedem à crise da pandemia do coronavirus SARS-COV 2, o causador da doença COVID-19. A mudança vinha ocorrendo de forma gradual e lenta, com muita resistência das pessoas em adotar as novas tecnologias digitais. 
Enquanto grande parte dos idosos queriam manter os seus hábitos tradicionais, recusando-se a usar o computador, usar o telefone celular apenas para as ligações, preferir a leitura dos jornais e revistas impressas, assim como ler apenas os livros impressos, ver os filmes só nos cinemas, fazer compras só nas lojas e supermercados, etc os adultos iam assumindo os novos hábitos. Aqueles que chegaram ao mundo no final do século passado, já nasceram digitais.
As medidas de isolamento social adotadas - com maior ou menor amplitude - em todo o mundo obrigaram as pessoas a adotar as novas tecnologias, para o trabalho, aulas, relacionamentos e outras atividades, todas à distância.
Uma das principais resistências superadas com o isolamento compulsório foi dos professores universitários obrigados a preparar melhor as suas aulas e usar as tecnologias disponíveis para atrair o interesse dos alunos. Muitos foram supreendidos com esse. Tenho o testemunho de amigos que dizem que nunca tiveram tantos alunos acompanhando com atenção às suas aulas. 

O Novo Normal

As medidas contra o coronavirus aceleram as mudanças, rompendo as resistências. Como eram tendências em andamento, continuarão formando que vem sendo caracterizado como "Novo Normal".
Muito se tem comentado sobre esse Novo Normal, mas pouco ou nenhum sobre o Novo Normal da Política ou a Política no Novo Normal.
O Valor Econômico publicou um suplemento especial sobre as mudanças Tendências Pós-Covid encabeçada pela manchete: "O Futuro em Suspenso". Em 30 páginas, bem escritas e bem apresentadas, descontadas as de publicidade, não há um artigo sequer sobre o Novo Normal da Política.
Quando muito se considera o avanço das tecnologias digitais, principalmente o seu mau uso, como a disseminação das "fake news".

sábado, 30 de maio de 2020

Novo normal na política

Muito tem se falado sobre a mudança de hábitos que irá conformar o "Novo Normal". Este será centrado sobre o "fique em casa", seja de trabalho, como de educação, entretenimento, etc.
Eu mesmo, escrevi aqui sobre o tema.
Ontem, participando de uma webinar sobre os cenários Bolsonaro, percebi que a política não entrou no Novo Normal.
As discussões são as mesmas, voltadas ao passado e analógicas.
Propus, aos debatedores e aos participantes uma reflexão sobre o que seria uma "Nova Politica Normal", de base digital.
O que teria avançado mais seriam os aplicativos, principalmente os que permitem disparos de mensagens em grande escala. Passaram a ser utilizados para disseminar "fake news".
Fake news não é novidade em política. Sempre houve mas com disseminação relativamente reduzida, pelas limitações dos meios de comunicação: os veículos eram tradicionais, analógicos como a midia impressa, o rádio e mais recentemente o noticiário televisivo. O mais tradicional era a "rádio peão". Eram mais a divulgação de boatos do que de notícias falsas. Embora já existissem e eram usadas para descontruir adversários políticos. 
A principal novidade e mudança ocorreu nos meios, através da tecnologia. Essa propiciou a criação das chamadas redes sociais, como o falecido orkut, o facebook, twitter, instagram e outros. Os aplicativos incorporados ao telefone celular, mudaram o perfil de funções desses, transformando-os em amplo meio de recepção de comunicações, substituindo o rádio e mesmo a televisão. Na sequência vieram os robôs de multiplicação instantânea das mensagens, tendo como unidade sete dígitos, isto é, um milhão.
Os avanços tecnológicos para os meios dos processos eleitorais estão mais evidentes. Já os conteúdos não.
Não basta saber usar os instrumentos disponíveis pela tecnologia. É preciso mudar a cabeça: passar do analógico ao digital. Envolve uma mudança cultural.
Quais seriam então os conteúdos do Novo Normal da Política?




sexta-feira, 29 de maio de 2020

Ataque contido e certeiro

Ensinam os livros de estratégia de guerra que uma das formas - talvez a melhor - de enfraquecer o inimigo é destruir o seu arsenal de armamentos e munições. Ou os seus equipamentos de guerra (aviões, tanques e outros). 
O Ministro Alexandre de Moraes, diante dos ataques aos Ministros do STF, desferiu um ataque aos arsenais secundários dos seus adversários. Ataque parcial, quase tímido, mas com recado de limitou a investida. Mas se não cessarem os ataques contra o Supremo, irá investir contra o arsenal principal. Esses sentiram o golpe e reagiram furiosamente, mas apenas verbalmente.
Estamos diante de novas guerras, com formato inteiramente diferente das anteriores. As guerras tradicionais eram de destruição física do inimigo, com o desenvolvimento de armamentos cada vez mais sofisticados. 
O coronavirus ataca as pessoas, sem destruição física. Não adiantam os mísseis para combatê-lo. Enquanto não se tiver uma vacina que é a principal arma de defesa, a alternativa é o isolamento social, para reduzir a sua difusão. 
Já na guerra política digital o principal objetivo é destruir reputações. A arma as "fake-news", notícias falsas com o objetivo de desconstruir a imagem do alvo. Parte de uma Central de criação das fake-news, amplos mecanismos de difusão, usando os aplicativos existentes, através de robôs.
Ao apreender os computadores dos suspeitos da produção e disseminação das fake news e dos supostos financiadores recolhe os armamentos. Ao bloquear as contas, contém as munições. Sem essas, os atacantes do STF ficam enfraquecidos e terão que buscar novas alternativas. Já o Supremo ainda guardou muita munição. 
Com muito mais "poder de fogo", desenvolverá uma estratégia de persuasão. Se o inimigo não recuar irá para o confronto. 



quarta-feira, 27 de maio de 2020

Investidas dos inimigos e reação



Diante das investidas do Supremo Tribunal Federal, dando sequência aos diversos processos contra ele, os seus filhos e seus apoiadores, Bolsonaro buscou dois apoios para se contrapor e essas e garantir a sua permanência na Presidência: o Centrão e o militar.
Para ter o apoio do Centrão dentro do Congresso, seja para aprovar medidas do interesse do seu Governo, mas, principalmente para barrar tentativas de impeachment, abandonou as promessas de campanha e aderiu plenamente ao “toma cá, dá la”.
Com o suposto apoio militar, busca intimidar os demais Poderes, tanto o Supremo, como o Congresso, assim como Governadores e Prefeitos.
Trocando altos cargos, gestores de grande verbas públicas, pelos votos, poderá assegurar uma base de apoio no Congresso, mas corre o risco de perder o apoio de parte dos ainda seguidores, que seriam ainda cerca de 30% do eleitorado. Uma parte que acreditou que Bolsonaro aprofundaria o combate à corrupção, sentiu um baque com a saída de Sérgio Moro. Agora com o retorno do troca-troca se sente inteiramente traída e poderá voltar às ruas para manifestar a sua indignação.
Ademais, dentro da classe média está a maior parte dos demitidos de seus empregos, sem receber as compensações prometidas pelo Governo. A maioria das empresas não acreditou nas promessas governamentais e demitiu largamente. É um contingente que também poderá ir às ruas para manifestar a sua insatisfação ou indignação.
Os militares são muito sensíveis às reações populares e não vão agir, se não contarem com o respaldo da sociedade civil.
Aqui coloco apenas alguns pontos que irei apresentar e discutir amanhã, dia 28, às 18 horas, numa webinar promovida pelo PNBE, através do meet. As inscrições podem ser feitas por e-mail em pnbe@pnbe.org.br ou pelo whatsapp de Ana Rita (1197643-9120)


terça-feira, 26 de maio de 2020

Cenários Bolsonaro


Bolsonaro e a economia

Jair Bolsonaro não entende, nem quer entender de economia, políticas econômicas, impactos das decisões e ações governamentais na economia, etc. delegando essas decisões e ações quase que inteiramente ao seu Ministro da Economia e parceiro indissolúvel - em função dos seus propósitos - Paulo Guedes. Tem grande afinidade de visão, estruturado em torno da economia liberal. Embora por razões distintas. 
Delega com poucas restrições: interferir na nomeação ou demissão de auxiliares condenados pela "sua turma", sendo o de Marcos Cintra, o mais evidente e atender aos pleitos também da "sua turma", principalmente dos servidores públicos, cujos interesses sempre representou ao longo de toda a sua carreira profissional. Para Guedes esses são os anéis que entrega para salvar os dedos e tudo o mais. 
As suas posições radicais em relação ao combate ao coronavirus, privilegiando o funcionamento da economia, mesmo gerando milhares de mortos, que ele considera danos coleterais, inevitáveis em qualquer guerra, não decorre de fundamentos teóricos da economia, nem das proposições de Paulo Guedes, mas da inspiração do seu mentor explícito, Donald Trump. Mesmo esse tendo abrandado as suas posições, Bolsonaro mantém o radicalismo, por razões pessoais: a necessidade de combater os seus inimigos internos, os Governadores, principalmente os que vê como seus concorrentes em 2022.
A manutenção desse conflito prolonga o tempo de guerra, da paralisia da economia e dos impactos negativos da imagem internacional do Brasil, seja junto aos Governantes dos países mais desenvolvidos - os quais para Bolsonaro são todos inimigos do Brasil - como dos consumidores que querem boicotar produtos oriundos da Amazônia e, principalmente, dos investidores que relutam em aplicar os seus recursos no Brasil.
Sem esses recursos, será difícil concretizar o programa de privatização, desejado por Paulo Guedes, o seu principal pilar para a retomada do funcionamento da economia e do seu crescimento.
Mas Paulo Guedes mantém uma perspectiva otimista, "panglossiana" acreditando que a epidemia será contida antes do final do ano - por razões naturais - que poderá ocorrer a retomada ainda em 2020. 
Está absolutamente convencido, em função das suas idiossincrasias e obsessões, de que em 2021, o Congresso aprovará as reformas estruturais essenciais, como a reforma tributária e a administrativa e que isso fará restabelecer a confiança dos investidores externos. Com isso será possível concretizar as principais privatizações, cujos estudos e trâmites prévios, continuam em andamento. Ainda em 2020 começará a lançar os editais, sendo que alguns poderão se concretizar em 2021, outros ainda no primeiro semestre de 2022. 
Com um ambiente generalizado da economia, retomada da confiança dos agentes econômico e alguns indicadores macroeconômico positivos, tem fé de que o eleitorado brasileiro reelegerá  Jair Bolsonaro e ele, Guedes, terá mais 4 anos para completar a sua pauta liberal e consolidar até 2026, o Brasil, como uma economia liberal.
Com essa visão otimista, não alerta, tampouco pressiona o Presidente, para abrandar o seu radicalismo, dentro da perspectiva de abreviar a reabertura da economia.
Está convicto de que não é necessário, deixando Bolsonaro "livre e solto", na sua guerra contra o isolamento social, imposto pelos seus inimigos Governadores.


segunda-feira, 25 de maio de 2020

Psicoterapia de grupo

A reunião ministerial de 22 de abril foi uma psicoterapia de grupo, onde foi proposta coisa do tipo, diga o que você realmente pensa ou acha, sem restrições, inclusive de palavreado. Seja verdadeiro.
Jair Bolsonaro abriu com o seu palavreado usual, sem censura e disse entre outras coisas, entremeado de palavrões, que quer armar o povo, para a tê-lo consigo. Qualquer semelhança com Hugo Chávez, aqui já relatada, desde 2018, deve ser mera coincidência. Para os mais antigos, do tempo da II Guerra Mundial, com Mussolini.
A turma olavista tem obsessão com a prisão de autoridades e se manifestaram abertamente. Damares quer prender Governadores e Prefeitos. Weinstraub, os Ministros do Supremo. As prisões desejadas por Ernesto Araujo foram censuradas, por se referir a outros países. 
Ricardo Salles explicitou que quer aproveitar a oportunidade que todos estão voltados para o coronavirus, para passar a sua boiada. O que está fazendo: desmontando a fiscalização, deixando os grileiros e desmatadores agirem soltos. Só que a passagem da boiada é detetada pelos satélites e tem repercussão comercial internacional. Muitos países não querem comprar os bois do Brasil, reais ou imaginários.
Paulo Guedes deixou bem claro que quer privatizar o Banco do Brasil, ou melhor, a "porra" do Banco do Brasil. Quer exterminar as fracas pequenas e médias empresas, desenvolvendo um modelo de grandes e fortes empresas. 
Foi uma ampla sessão verdade, sem meias palavras: com muitos palavrões. 
Foi um "strip-tease" memorável para os bolsonaristas. Vibraram, se excitaram, entraram em orgasmo total. 
Para os demais foi um "show de horror".

domingo, 24 de maio de 2020

Mudanças na forma de morar


A necessidade de mais espaços na casa, para as diversas atividades domésticas, que irão muito além do trabalho, isto é do “home office”.
Ao se acostumarem a fazer mais coisas em casa, com auxílio da internet, evitando sair para enfrentar o trânsito, apesar da redução da circulação de veículos, como os exercícios físicos ou físico mentais, do tipo “ioga” ou “tai-shi-shuan”, em detrimento da ida às academias de ginástica, ou entretenimento, na forma de acompanhar lives de artistas, jogos esportivos, ou dedicar mais tempo para filmes, em vez de ir mais frequentemente ao cinema, teatro. ou estádios (quando esses voltarem a receber público).
As famílias com crianças pequenas irão estudar em casa, com parte das aulas on-line e irão requer mais acompanhamento dos pais. Terão preferência por um espaço próprio. Querem também mais brinquedos, tanto os tradicionais como os digitais. Para algumas os pais poderão providenciar parquinhos individuais no jardim ou quintal da casa.
Os adolescentes e mais avançados, estudando em Faculdades, terão a maior parte das aulas, à distância, com muitas pesquisas orientadas. Quererão espaço próprio.
Ficando mais tempo em casa, com atividades à distância, farão mais refeições em casa, em detrimento à ida aos restaurantes para se alimentar. Já a frequência a bares e outros, mais voltados à convivência social, poderão aumentar a demanda. O “happy hour” e similares tenderão ser a alternativa de encontrar e conviver com os amigos. Para os jovens a oportunidade de paquerar. Já as baladas sofrerão restrições.
As famílias passarão a ter necessidade de mais áreas em sua moradia, revertendo uma tendência do mercado imobiliário para a redução sucessiva de área da unidade.
Por outro lado, o receio de contaminação levará à redução do uso de elevadores, principalmente daqueles de grande porte.
A consequência será um aumento da demanda de casas, em detrimento da procura por apartamentos. Uma forte inflexão deverá ocorrer nas tendências pré-pandemia que foi a demanda por stúdios e outras modalidades de apartamentos menores. Haverá o risco de remanescerem grandes “elefantes branco”.
Para o mercado imobiliário, a mudança do modelo de negócios deverá caminhar no sentido de investir mais em condomínios horizontais do que nos verticais.
Uma onda que emergiu com Alphaville, mas que ao longo do tempo, perdeu dinamismo deverá voltar com mais força.





sábado, 23 de maio de 2020

A volta da velha política

Estamos assistindo entre atonitos e indignados, o renascimento da velha política, com descarados movimentos do "troca-troca" de cargos e verbas.

A velha politica tem como base a legitima eleição entre 300 a 400 deputados federais, veteranos ou novos, representando interesses comunitários ou corporativos. São mais despachantes desses interesses junto ao Governo Federal, do que legisladores. 

E preciso reconhecer, preliminarmente, que eles estão no Congresso legal e legitimamente eleitos e representado o povo, ainda que apenas "o seu povo".

Quando o Executivo depende pouco do Legislativo, dispensa o apoio desse grupo. Quando tem projetos próprios, que considera essenciais, depende deles para aprovar, dentro do Congresso.
Ou quando está em risco, seja por conta de pautas bombas, criação de CPIs para fiscalização de ações governamentais ou até de processos de impeachment, precisa desse grupo. Como está ocorrendo atualmente.

Como despachantes a sua principal prioridade de atuação é obter verbas e serviços públicos federais para atendimento aos seus eleitores. A disputa por cargos tem por objetivo principal a administração dessas verbas e serviços.

Como são eleitos estadualmente, com redutos locais ou regionais, defendem prioritariamente interesses comunitários em detrimento dos interesses nacionais.
Um segundo grupo é eleito com base na defesa de interesses corporativos, sendo os mais fortes o dos servidores públicos. Para manter os seus cargos, remuneração e benefícios, ainda que em detrimento dos interesses nacionais.

É preciso transformar o Congresso Nacional, minimizando a participação desses despachantes, com a eleição majoritária de legisladores voltados aos interesses nacionais.

Isso só poderá ser feito, por via democrática, pela eleição de deputados voltados aos interesses nacionais, ainda que segundo visões diferenciadas, representando as diferentes visões do povo brasileiro. 

O grande embate político-eleitoral, no campo legislativo, deve ser entre os "legisladores" e os "despachantes".

Enquanto os despachantes forem maioria dentro da Câmara dos Deputados, dispostos a negociar com o Executivo, em troca de cargos e verbas, o quadro político brasileiro não mudará.

A sociedade organizada precisa se mobilizar nacionalmente, seja para apresentar candidatos de índole legislativa, voltados às questões nacionais, como para a conscientização dos eleitores para não serem seduzidos pelas promessas populistas dos candidatos despachantes. 





sexta-feira, 22 de maio de 2020

Fique em casa

O novo normal será dominado pelo "fique em casa", mudando profundamente hábitos das pessoas.
Para o controle da pandemia do SARS-COV2 as autoridades recomendaram e algumas obrigaram as pessoas ficarem em casa, para evitar a difusão da contaminação.
Havia já uma tendência nesse sentido, propiciada pelos avanços tecnológicos, mas de forma restrita e evolução lenta, com grandes resistências da maioria das pessoas. 
Obrigadas a ficar em casa, perceberam muitas vantagens, ajustaram os seus hábitos e vão continuar mesmo depois de liberados do isolamento compulsório.
Trabalhar em casa (home office) é o principal hábito  incorporado, gerando enormes impactos em diversas atividades ou setores da economia. a
A primeira foi no trânsito, a segunda nos restaurantes, a terceira na cadeia do vestuário. 
O fique em casa não é só para o trabalho, mas de todas as atividades das pessoas: coma em casa, exercite-se em casa, divirta-se e entretenha-se em casa, faça voce mesmo, em casa, etc.
Não por outro motivo a comercialização de esteiras, de máquinas de costura, bancadas de ferramentas cresceram nas lojas especializadas: comprada on-line. ão
As empresas que perceberam mais rápido, estão se dando bem. As que estão esperando a volta do velho normal estão quebrando.

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Darwinismo?

Diante da crise o Governo tem duas opções básicas: tentar salvar todo o mundo, com fundamento na solidariedade ou adotar o "darwinismo": salvar apenas os mais aptos e deixar os mais fracos sucumbirem. 
A opção brasileira, embora não explicitada claramente, é pelo darwinismo. Seja na dimensão sanitária, como econômica.
Isso significa que muitas pessoas irão morrer, sem o devido atendimento, ou tratamentos inadequados. A opção do Presidente tem sido o de reabertura da economia, assumindo que as mortes são danos colaterais que fazem parte de qualquer guerra.
Na dimensão econômica a posição darwinista é mais clara, embora disfarçada em economia liberal. 

(cont)

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Nada de novo

Afinal saiu o tal protocolo para o uso da cloroquina. 
Em relação ao seu uso, nada muda. Quem decide é o médico que pode prescrever, exigindo um termo de responsabilidade do paciente. 
O protocolo não tem poder de determinação. É só uma recomendação. Dessa forma mesmo que algum paciente da rede pública exija ou pressione o médico, se esse não quiser, diz ao paciente para buscar outro profissional que se disponha a prescrever. 
A visão do Presidente é de gerar uma pressão para a prescrição, sobre os médicos. Só vai funcionar marginalmente. Vão prescrever apenas aqueles que estão convencidos da eficácia. Ou os preguiçosos. Mas isso já era permitido. Só não estava "protocolizado". Feliz ou infelizmente são poucos.
A maioria prefere ficar com a ciência, com a cautela e com o seu juramento profissional. 
Na rede privada a cloroquina, em diversas combinações, já é usado, mesmo sem o protocolo oficial, baseado em práticas e sob rigoroso acompanhamento do paciente, para a sua imediata suspensão, caso se manifestam os efeitos colaterais.
O principal efeito é de natureza política e eleitoral. É uma jogada de alto risco do Presidente, mas ele gosta disso, ainda que irresponsavelmente coloque em risco centenas ou milhares de vidas. 
Uma outra importante repercussão é de natureza econômica. Prejudica a imagem do país perante os investidores mundiais e pode escassear os recurso privados necessários aos investimentos para a retomada da economia.


terça-feira, 19 de maio de 2020

Mudanças de hábitos 2

Havia um forte movimento entre as classes com mais renda, a favor de mudanças de hábitos alimentares, seja por serem mais saudáveis, como pelo menor impacto sobre o meio ambiente.
No caso do açúcar o objetivo é essencialmente a saúde, para o combate à obesidade. Casos concretos de mortalidade entre os jovens, contaminados pelo SARS-COV2 mostraram que estavam relacionados com a obesidade. Esse se tornou um fator de vulnerabilidade. O avanço territorial da produção da cana de açúcar ainda não sensibiliza os ambientalistas.
Já a proteina animal, em particular a carne vermelha bovina, é o principal alvo dos ambientalistas, seja por razões de saúde, relacionadas com o teor das gorduras, como por emergir como o maior inimigo brasileiro do clima. O imenso rebanho bovino brasileiro seria o principal emissor de gases de efeito estufa e, em função, da demanda nacional e internacional, o principal causador do desmatamento da Amazônia. Os desmatadores derrubariam as árvores, não só para comercializar a madeira, como para abrir as áreas para a pastagem. 
Os defensores do clima defendem a contenção pela população mundial da proteina animal oriunda da carne bovina, usando a pandemia da COVID 19 como uma das principais razões. O desmatamento poderia causar a migração de animais silvestres, portadores do vírus para as cidades. Esse receio da população ocorreu, anteriormente, em relação à Zika o que levou a uma caça a macacos.
Mas a análise do histórico do suposto surgimento do vírus na China, indica que a população pobre, na falta de opção, caça e se alimenta de animais silvestres, inclusive morcegos, que são fartamente comercializados nas feiras livres.
Mesmo com a melhoria de renda de grande parte da população chinesa uma grande parte mantém os hábitos de consumir carne de animais silvestres. O esforço do Governo Chinês na produção de carne de porco, assim como a ampla importação de carne de frango e de bovinos, todos com a produção controlada sanitariamente, tem por objetivo substituir o consumo de animais silvestres. 
Em outros países mais pobres da Ásia e em grande parte da África, o consumo de animais silvestres é ainda enorme e um grande esforço mundial é de substituir esse consumo por proteina animal de produção sanitariamente controlada. 
O Brasil não tem a percepção do problema do consumo da carne de animais silvestres, porque conseguiu contê-la, com medidas restritivas à caça e com a imensa produção de carnes de frango, boi e porco, consegue abastecer a maioria da população. Mas tem uma percepção mais clara da questão da carne vermelha do boi, em função do tamanho do seu rebanho e da preferência da população pelo seu consumo. Se não é maior não é por questões ambientais e de saúde, mas de restrições de renda.
Todo mundo quer usar a pandemia para a defesa de suas teses, mas todas tem "cara e coroa". Não apenas coroa.


segunda-feira, 18 de maio de 2020

Mudanças de hábitos


O isolamento social estabelecido praticamente em todos os países atacados pelo novo coronavírus, o SARS-COV 2, provocou mudanças de hábitos, gerando a perspectiva de que o mundo pós pandemia não seria mais o mesmo, com profundas e amplas mudanças nos hábitos das pessoas e na forma de viver da humanidade.
O que se pode perceber até agora é que as principais mudanças decorrentes do fique em casa (“stay home”) foram o desenvolvimento de atividades de trabalho (home office), de alimentação (home food, associado ao delivery), de lazer, de relacionamentos e outros em casa, com amplo uso das tecnologias digitais, que o mercado já vinha oferecendo.
Não houve nenhuma grande disruptura, seja tecnológica, como social, mas apenas a aceleração de um processo que vinha em ritmo moderado, contido pela resistência de grande parte da população em aceitar e adotar o uso das tecnologias digitais.
O home office já era uma prática, mas como modalidade marginal, assim como a educação à distância era uma prática limitada. O isolamento social quebrou essas resistências. Os trabalhadores de escritórios tiveram que aceitar e se adaptar ao trabalho em casa. Assim como os professores que não queriam abandonar as aulas presenciais tiveram que se adaptar e, principalmente, se viram obrigados a preparar melhor as suas aulas.
Com o levantamento do isolamento, alguns hábitos antigos voltarão. Outros não, consolidando as mudanças. A principal são as atividades em casa, integradas com o resto do mundo pelas tecnologias digitais.
Não houve, tampouco se prevê grandes disrupturas na forma de viver da humanidade, com a pandemia do SARS-COV 2. Apenas a consolidação de mudanças que já estavam em curso. Mas também a reversão de alguns movimentos, como o ambientalista, tanto na defesa das matas, como da redução no uso dos carros, dentro das grandes cidades.
Ainda que não sejam grandes disrupturas, seja a consolidação de tendências, como a reversão de outras, afetarão amplamente as atividades econômicas a essas relacionadas, obrigando as empresas a rever os seus planos estratégicos e até o seu modelo de negócio.

domingo, 17 de maio de 2020

O novo normal 1

O que será o novo normal, depois da pandemia?
Há um razoável consenso de que haverá grandes mudanças de hábitos das pessoas, algumas já em curso que deverão ser consolidadas, outras inteiramente novas. Quais são essas? Ninguém sabe, ou não quer saber.
Especificamente em relação aos usuários do automóvel, nas grandes cidades, o que mudará? 
Estamos estudando o tema, com maior profundidade, mas antecipar algumas colocações. A primeira já foi tratada aqui que será a preferência pelo uso do carro próprio. O novo normal será um retorno ao velho normal, com maior uso do carro, sem preocupação com os impactos ambientais.
O rodízio radical da circulação de veículos em São Paulo, mostrou o grande impacto sobre a mobilidade urbana. Em função do problema de contaminação do coronavirus, está voltando ao rodízio tradicional. Depois de superada essa questão voltará à tona, para efeito da mobilidade urbana. 

sábado, 16 de maio de 2020

Escolhas

Nelson Teich tem um mantra: "a vida é feita de escolhas".
Fez boas ou as escolhas certas na sua carreira profissional e pessoal o que lhe proporcionou sucesso profissional e enriquecimento como empresário do setor de saúde. É um profissional altamente respeitado no seu meio.
Diante da oportunidade de assumir o Ministério da Saúde, diante de uma grave epidemia, fez uma escolha, em relação ao seu futuro. Se perguntou ao seu Mestre, ele deveria ter lhe dito: "Nunca rejeite uma oportunidade da qual você pode ser arrepender o resto da vida."
Convidado, aceitou o desafio, apesar de saber das dificuldades e restrições: principalmente dos riscos.
Escolheu aceitar para avaliar na prática até onde poderia chegar, com as suas visões, formação e experiência, para atender às imensas necessidades sanitárias do país.
Aceitou a partir de uma visão parcial, preconceituosa e equivocada do Sistema Público de Saúde, o SUS, mais criticado pelas suas deficiências do que pelas suas qualidades. Chegou com a ideia de um planejamento estratégico, para ser aplicado a partir de um amplo diagnóstico. Achando que o seu antecessor não havia feito isso. Percebeu uma realidade bem diferente do que ele tinha no seu imaginário. Caiu no meio de uma guerra em andamento, tendo que adotar as medidas concretas, mesmo sem ter todas as informações desejáveis.
Ao perceber as limitações ao seu trabalho, principalmente a quebra da promessa do Presidente de lhe ouvir e conversar sobre as politicas e ações na área da saúde, fez uma nova escolha. Sair para não comprometer a sua biografia. 
Uma coisa são as limitações de atuação, outra é ser obrigado a aceitar executar o que ofende o seu compromisso profissional e os seus valores éticos. Não ter o apoio do Presidente, para as suas estratégias era esperado e ruim, mas aceitável. O que ele "não engoliu" foi ter o Presidente como o principal opositor e, pior, como sabotador de suas estratégias.
Escolheu sair.


sexta-feira, 15 de maio de 2020

A guerra

O Brasil está enfrentando uma guerra, uma guerra contra a SARS-COV2, o novo coronavirus, mas Jair Bolsonaro prefere enfrentar uma outra guerra. Um conflito com o Governador de São Paulo, João Dória, promovendo a mobilização de empresários para apoiá-lo contra a ameaça de um lockdown, que o Governador estaria planejando implantar em São Paulo. Em defesa dos empregos e da normalidade econômica.
No fundo, a guerra é outra. É uma batalha preventiva para tirar ou  enfraquecer a candidatura presidencial de Dória em 2022. O que já o transformou  no principal anti-Bolsonaro. 
Para Bolsonaro "guerra é guerra", mortos e feridos são danos inevitáveis. O importante é vencer a guerra, a qualquer preço. A vitória está no restabelecimento e recuperação da economia. Seguida da retomada da economia em 2022, para dar sustentação à sua reeleição.
No entanto, a guerra de Bolsonaro está impactando o fluxo de investimentos externos em relação ao Brasil. Uma grande saída e nenhuma ou pouca entrada de novos recursos. Por conta da "aversão ao risco" os investidores estrangeiros não se mostram dispostos a investir no Brasil e sem esses, os programas de privatização e concessões não terão condições de caminhar. 

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Apoio suficiente e insuficiente

Jair Bolsonaro mantém o apoio do seus fieis seguidores que representariam cerca de 30% do eleitorado.
Um apoio popular suficiente para influir nas decisões do Congresso e evitar a eventual aprovação do seu impeachment.
Ademais é uma turba fanática que irá às avenidas na sua defesa, ocupando o espaço para não deixá-lo para os contrários. Os quais estão muito quietos.
Como Bolsonaro só se orienta em função desse grupo, que para ele representa a totalidade do "povo brasileiro" não vê necessidade de mudar a sua atuação. Seguirá sendo o Bolsonaro de sempre.
Os 30% podem não serem suficientes para garantir a sua reeleição em 2022. Poderá ser suficiente para chegar a um segundo turno, mas não garante a sua vitória, que será de um antibolsonarista radical. 
As eleições de 2022 tenderão a repetir as de 2018, mas com sinal trocado. 
A saída de Moro não teve um grande impacto na composição dos apoios. Os fiéis seguidores consideraram Moro um traidor e mantiveram o seu apoio a Bolsonaro. Os "moristas" puros, não bolsonaristas, seriam poucos. 
Esses seguem confiando cegamente em Bolsonaro, acreditando que ele é absolutamente isento de corrupção e contravenção penal. Mas Bolsonaro teme que as investigações sobre a rachadinha, o assassinato de Marielle Franco, a origem da fake-news e financiamento dos movimentos de rua a ser favor, alcancem os filhos ou mesmo a ele. Isso poderia fazer com que ele perdesse uma fatia adicional do apoio, caindo para abaixo de 30%. 
Poderia ainda ser o suficiente para uma forte mobilização popular a seu favor, para se opor ao impeachment.
Na prática, nem seria iniciado. Rodrigo Maia, não se arriscaria a colocar o processo em marcha, sem ter uma visão - relativamente segura - do sucesso.
A principal parcela do seu apoio é ainda de parte do empresariado - tomado pelo temor do retorno do PT - mas que tem em Paulo Guedes o guardião de uma política econômica segura. 
Se Bolsonaro perder esse apoio, entrará numa faixa de alto risco. 
Esse empresariado está cada vez mais exigente, mais do que o Centrão. 

terça-feira, 12 de maio de 2020

Percepção sobre o rodízio

O rodízio de carros em São Paulo, aliviou o trânsito. Pessoas deixaram de sair de carro, mas o índice de isolamento não subiu.
Sair de carro e não de transporte coletivo é melhor para conter a contaminação, mas tem um efeito psicológico fortemente oposto. Trânsito intenso é notícia de grande repercussão, trens cheios é o normal, mesmo nestes tempos de epidemia.
Muitos trabalhadores por conta própria como eletricistas, bombeiros hidráulicos (em São Paulo, encanadores), piscineiros e outros que moram na periferia, mas atendem nas regiões mais ricas, saiam com o seu carrinho semi-novo. Um dia sim e outro não tem que sair de transporte coletivo. O risco de contaminação é maior.
Como previsto, o rodízio é sucesso, o isolamento não. Alguns dias de experiência mostrarão o impacto sobre a contaminação.

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Rodízio funciona?


A cidade de São Paulo foi uma das poucas no mundo a adotar o rodízio de carros, para conter a circulação dos mesmos e reduzir os congestionamentos. Funcionou?
Para alguns não, os congestionamentos não caíram. Para outros, sem rodízio seria pior.
O rodízio era parcial, apenas no centro expandido e por 3 horas pela manhã e outras três à tarde e só durante a semana.
Diante da restrição, alguns compraram um segundo carro, assim como passaram a usar os carros de terceiros chamados por aplicativos ou os taxis. 
Agora para conter a quebra e fuga do isolamento social, o rodízio foi ampliado, para um dia sim e outro não, segundo final de chapa, ao longo de todo o dia, incluindo sábados e domingos e em todo o território municipal. 
Na prática, vai ter algum impacto no centro expandido, que está equipado com radares de monitoramento, alguns polos descentralizados e grande corredores, onde haverá maior fiscalização. Na maior parte do território municipal o rodízio não será obedecido, nem penalizado, mas terá menor impacto na mobilidade urbana e no isolamento. Os índices de isolamento não vão aumentar substancialmente. Os efeitos serão mais psicológicos.

domingo, 10 de maio de 2020

Fatores psicossociais (2)

Tendo em vista os impactos psicossociais, os múltiplos traumas, o processo de normalização ou recuperação da sociedade ocorrerá gradualmente. Com maior ou menor velocidade em cada país, em cada região, em cada setor da economia e sociedade e em cada grupo social. 

O comum será o gradualismo, mas as velocidades serão muito diversificadas.

De uma parte, uma pequena parte de incrédulos, que não foram afetados diretamente, com manifestações graves ou morte de pessoas mais próximas, pela COVID-19, que acharam que tudo não passava de alarmismo, irão reclamar da lentidão da recuperação da economia e de obrigações sociais - como o uso de máscara em vias públicas e transporte coletivo - que acham ser "frescura". Mas serão minoria.

A maioria irá retomar as atividades "normais" lentamente.

Os mais renda, que adotaram o "fica em casa", com condições trabalhar em casa ("home office"), abastecer-se por compras pela internet ("e-commerce") , inclusive refeições prontas (delivery) irão incorporar esses novos hábitos como o normal, como o predominante, mas não exclusivo. 

Embora essa população seja uma parte menor da sociedade, fica no topo do "iceberg", sendo a parte mais visível, onde também estão a maioria dos agentes de comunicação, que disseminam a sua visão, gerando a impressão de que representam o todo. Ademais são os responsáveis pela maior parte da economia, determinando os seus rumos.

O "fica em casa" vai continuar - em grande escala - dentro desse segmento da sociedade, gerando substanciais mudanças nas economias urbanas.

A principal medida adotada pelas autoridades na guerra contra o vírus foi o distanciamento social, com a orientação para as pessoas ficarem em casa e determinar o fechamento das atividades econômicas em geral, com exceção das consideradas essenciais, como as lojas de alimentação, farmácias e serviços de saúde, assim como a suspensão das aulas presenciais em todos os níveis.

O principal impacto das medidas de distanciamento social foi sobre o consumo e não sobre a produção. Como a dinâmica da economia brasileira é puxada pelo consumo das famílias, teve um impacto altamente sobre toda a economia. Mesmo atividades que continuaram funcionando, reduziram o seu ritmo ou até pararam, porque não tinham compradores.

As reações iniciais foram de se abastecer e formar estoques diante da incerteza da duração das restrições. Isso levou a uma corrida aos supermercados e outras lojas de comercialização de alimentos, assim como as farmácias. Notícias falsas sobre desabastecimento de alimentos ampliou o surto, que num momento seguinte, amainou, mantendo, no entanto, um nível elevado de compras de alimentos e medicamentos. Na sequência ajustaram o seu perfil de compras.


sábado, 9 de maio de 2020

Fatores psicossociais

O pós-guerra contra o coronavirus será marcado (ou dominado) pelos fatores psicológicos, tanto individuais, como coletivos, podendo-se destacar três deles: mudanças de hábitos, culturais e  traumas.
As mudanças de hábitos são individuais e restrito a grupos de pessoas. Algumas são conjunturais.
As mudanças culturais envolvem conjuntos maiores de pessoas, sendo que algumas abrangerão a quase totalidade da população brasileira, serão estruturais, mudando a prioridade dos valores sociais. 
Os traumas serão individuais, mas poderão ocorrer com um grande número de pessoas, envolvendo o medo com o sofrimento, seja próprio, ou de pessoas muito próximas. A principal decorrência será o aumento do isolamento voluntário. Outra será a rejeição ao transporte coletivo. Mas a maioria da população das grandes cidades não tem outra opção, para distâncias mais longas para irem para o trabalho e outras atividades urbanas. Bicicleta é mais romantismo do que eficácia, em termos de mobilidade urbana. 
Por outro lado, muitos enfrentarão o pós-guerra com o trauma da quarentena. 
O mundo do após "guerra", não será o mesmo de antes, mas mal se consegue avaliar que novo mundo será esse.
Insistimos na visão de guerra, de um guerra mundial,  porque as consequências não são apenas geradas pela pandemia, que são predominantemente de natureza sanitária. As mudanças decorrerão mais das medidas defensivas individuais - as quais somadas se tornam coletivas, de massa - e das medidas governamentais para conter a doença, que trouxeram e trazem grandes danos colaterais de caráter econômico e social.
O principal trauma econômico é de ficar sem renda, nem mesmo para comprar a comida e passar fome. 
As reações serão diversas, não se podendo juntar tudo num pacote só de estatísticas.

O que resultará do "fim da guerra contra o coronavirus" será uma sociedade traumatizada, uma atividade econômica devastada, paralisada em muitos segmentos e um sistema de saúde exausto, em todos os sentidos. 

Mas é preciso viver, cultuar os mortos, mas recompor a vida, restabelecer a atividade econômica, a atividade cultural e outras tantas.

(cont)

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Um verdadeiro líder?

Jair Bolsonaro é um líder, audacioso, com iniciativa levando os seus apoiadores a seguirem-no cegamente e outros por negociação ou intimidação. Ontem um grupo de empresários foi ao Planalto para cobrar o apoio concreto dele a Paulo Guedes não apenas no discurso. Bolsonaro fez mais um "passa moleque": mandou o seu líder na Câmara, Major Vitor Hugo, dizer aos deputados que apoiava a retirada do congelamento dos salários dos funcionários públicos, diversas categorias que compõe a sua base de apoio popular e político, contrariando a posição e a negociação de Paulo Guedes, com o Congresso. Tomou uma "bola nas costas" e convocou o "mercado" para se contrapor à corporação dos servidores. 
O "mercado" foi buscar lã e saiu tosquiado. Bolsonaro aproveitou a presença dos empresários para puxá-los para uma caravana, a pé, ao Supremo Tribunal Federal, para pressionar pela flexibilização do isolamento, embora o seu desejo mesmo seja acabar inteiramente com esse. 
Não tiveram coragem de recusar, até porque conseguiram o que queriam, mas a um preço excessivamente elevado.
Bolsonaro empunha a bandeira da salvação de milhões de empregos e da economia, como um todo, ainda que isso significa mandar para o sacrifício, milhares de pessoas, contaminadas pelo SAR-COV 2. Por que na conta dele, seria a salvação de 10 milhões de trabalhadores que, desempregados, iriam morrer do fome, contra 10.000 mortos pela COVID 19. 
Esses seriam danos colaterais inevitáveis de uma guerra.
São números discutíveis, mas que Bolsonaro usa para manter uma liderança sobre parte da população. 

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Transformar Congresso Nacional

No início do ano retomamos a causa cívica "Transforma Congresso" que tem como objetivo uma ampla mudança do perfil dos seus integrantes, através do voto. 
O diagnóstico foi publicado no livro "Até onde a vista alcança". Estavamos cuidado da sua difusão.
A mudança e transformação que queremos é a redução gradual dos parlamentares que são eleitos como despachantes para defender interesses comunitários ou corporativos, e não os interesses nacionais, em sucessivas eleições. Os parlamentares que propõe e discutem questões nacionais, representando segmentos ideológicos ou programáticos da sociedade, deverão, constituir, pelo menos, 80% dos cargos.
Renovação é necessária, mas não suficiente. Eleger jovens político é bom, mas nada garante que eles sejam cooptados pela velha política. Uma significativa foto de Dida Simões, o brilhante fotógrafo agredido no domingo passado é ilustrativo. Cercando os líderes do "Centrão": Arthur Lira, Agnaldo Ribeiro e Paulinho da Força, vários jovens deputados.
Como o horizonte de tempo para a sua efetivação  é outubro de 2022, perdeu prioridade e foi "atropelado", pelo coronavirus.
Mas a crise política gerada pela saída de Sérgio Moro, do Governo, relatando fatos que podem ser caracterizados como crimes do Presidente, os despachantes emergiram à tona, como suporte à manutenção do mandato ora sob risco do Presidente Bolsonaro.
Bolsonaro foi eleito, prometendo combater a tal "velha política", que tem base nos interesses prioritários dos despachantes.
Esses se unem - institucionalmente - em partidos médios, cujas lideranças lhes prometem conseguir do Governo, cargos, serviços públicos e verbas para atender diretamente ao seu eleitorado. Bolsonaro não atendeu a essas lideranças,  ou melhor, teve que atender, mas só parcialmente. As emendas parlamentares foram garantidas, cargos menores foram assegurados. Os cargos maiores ficaram fora e as tradicionais lideranças desprestigiadas junto ao Executivo. 
Agora, com o mandato em risco, dependendo de votação a seu favor na Câmara dos Deputados, chamou as  lideranças do Centrão, para mobilizar os seus quadros de despachantes para garantir os votos. 
Essa estratégia só é viável, porque o quadro de despachantes supera 200 deputados, mais que suficiente para barrar a continuidade dos processos de impeachment. 
Jair Bolsonaro sempre foi um deputado despachante corporativo e, como Presidente da República, continua sendo como tal. Contrariado a equipe econômica, sempre retira algumas categorias de servidores públicos das restrições.
Toda vez que um Presidente da República fica politicamente enfraquecido, esse recorre aos despachantes. Não está sendo diferente desta vez e só mudará através do voto popular, nas eleições nacionais. 


quarta-feira, 6 de maio de 2020

O único crime consumado

Sérgio Moro, ao deixar o cargo de Ministro da Justiça e Segurança Pública, fez um relato público, de ocorrências para justificar a sua saída do Governo. Não denunciou nada, não acusou ninguém. Deixou que os outros encontrassem crimes dentro da sua narrativa. A mídia foi na onda.
O Procurador Geral da República entendeu que havia indícios de crime e solicitou ao STF autorização para investigar os supostos crimes cometido pelo Presidente da República, o que logo foi aprovado O primeiro passo foi um longo depoimento do Ex Minstro à Polícia Federal.
A divulgação pública do resumo do depoimento, mostra que ele tem provas da intenção do Presidente, na prática de um suposto crime, que ele teria evitado, juntamente com a Ala Militar. Quando tomou conhecimento da efetivação da primeira parte da intenção, sem a sua concordância foi a público anunciar a sua saída. Com isso teria evitado incorrer no crime de prevaricação.
A segunda parte da intenção só foi concretizada depois da sua saída e anulada pelo Ministro do Supremo, Alexandre de Moraes.
A intenção de um suposto crime está comprovada, mas não foi consumada, enquanto Moro era Ministro.
O único ato efetivado e comprovado de crime é a publicação de uma copia falsa de um decreto: crime de falsidade ideológica.
Quem praticou o ato? Quem foi o mandante? Se foi o Presidente de República incorreu em crime comum ou crime de responsabilidade?
Em ambos os casos precisa ser denunciado e ter a aprovação de no mínimo 2/3 da Câmara dos Deputados. Dificilmente irá ocorrer.

Não será só Bolsonaro que continuará vivo, mas sangrando. O Brasil todo continuará sangrando, contabilizando sucessivas mortes pelo COVID-19.

terça-feira, 5 de maio de 2020

Quando vai chegar ao pico?

Há mais palpites do que sobre a escalação da seleção da CBF, seja de autoridades, dos ditos especialistas ou de jornalistas despreparados, sobre quando a epidemia terá o seu pico. Seria em abril, o mês terminou, e as curvas continuam subindo. Agora seria em maio, mas pode ser em junho, ou qualquer outro mês. Alguns já apostam em 2021. 
Não há elementos científicos suficientes para dar segurança com relação à evolução das curvas. Apenas exercícios matemáticos, os quais dependem das premissas.
O que parece não haver dúvida, no Brasil, é que as curvas de contaminação e de mortes, seguirão crescendo. O pico será atingido quando começar a inflexão da curva, com estabilização ou redução dos índices de crescimento. Ainda pode haver uma evolução em escada: uma estabilização ou redução e novos aumentos. 
Os indícios são de que as medidas de distanciamento social, contiveram grandes surtos, contiveram a expansão nos locais de origem, mas não foram capazes de evitar a disseminação e a geração de novos polos regionais ou estaduais de contaminação endógena. Em algumas capitais de Estado, o sistema de saúde já entrou em colapso.
Um eventual pico nacional será meramente estatístico. As evoluções relevantes a serem acompanhadas, para efeito de decisões políticas e administrativas serão locais e regionais, ainda que refletida em estatísticas estaduais.
Os focos das contaminações estão nas capitais dos Estados, onde há maior população, densidade demográfica e aglomeração da pobreza. A concentração das mortes nas capitais é ampliada pelo fato das principais instalações hospitalares, de alta complexidade, estarem concentradas nas capitais, com muita transferência de doentes do interior, para a capital, alguns dos quais acabam morrendo.
Sem maior segurança em relação à evolução das mortes, nenhum Administrador Público se arriscará a reduzir ou flexibilizar o isolamento, sob risco de enfrentar um surto descontrolado, ter que voltar às medidas restritivas, ainda mais rigorosas e ter que pedir desculpas aos seus eleitores. 
O único que fica defendendo o abrandamento das medidas, é o Presidente, porque  qualquer medidas e consequências ele as atribuirá aos Governadores. Segundo ele, "não tem nada a ver com isso". "E daí?" virou seu principal mote. 
Mantém uma posição radical para agradar o "seu povo". 


segunda-feira, 4 de maio de 2020

Foi pra rua e chamou pra briga

A vida de Jair Bolsonaro, não está fácil. Durante a semana enfrenta disputas políticas em meio a um crescente número de contaminados e mortos pela "gripezinha". No sábado, uma aparente acomodação às circunstâncias prenuncia uma turbulência no domingo, que - em mais um dia radioso - foi pior que o esperado.
Bolsonaro saiu às ruas e chamou os seus inimigos para briga, com apoio da sua torcida organizada, cada vez mais intolerante, fanática e violenta. O público fardado assistiu, dividido. Mais distante, o Ministro da Saúde foi a Manaus conferir, com os seus próprios olhos, se realmente estão mesmo morrendo, aqueles que a Rede Globo e outros estão noticiando.
A semana "vai ser quente" apesar da temperatura climática estar baixando. O número de infectados e de mortos por conta do coronavirus vai continuar subindo. Governadores e Prefeitos que pretendiam abrandar as restrições já estão anunciando a continuidade dessas. Alguns já vão ampliar. O "lockdown" vai chegar a algumas cidades: distantes de Brasília e de São Paulo.
A revolta entre os de maior renda vai aumentar. Os de menor renda já estão acostumados e o auxílio emergencial não só vai conter uma revolta maior, como já está aumentando a aprovação do Governo Federal. O risco não está em fome, falta de abastecimento, mas em eventual ações violentas contra agências da Caixa Econômica.
Bolsonaro vai continuar desafiando o Judiciário e vai perder mais que ganhar, isto é, se conseguir marcar, pelo menos , o "gol de honra", na goleada.
Os "famintos" não são aqueles que os bolsonaristas dizem que vão morrer de fome, por conta do isolamento social. São aqueles do centrão, que estão a "pão e água", desde o início de 2019, e ávidos por uma desforra, avançando sobre cargos federais. Mas uma grande parte está ocupada por oficiais militares que formam a base de apoio de Bolsonaro dentro das Forças Armadas. Desalojá-los pode causar perda de apoio. 
A semana, diversamente do que Jair espera não lhe será favorável, mas conturbado. O menor dos problemas será a pressão para que a Polícia do seu aliado Ibaneis, investigue, identifique e prenda os agressores, das enfermeiras durante a semana e dos jornalistas no domingo. 
Vai ter que inovocar muito Deus, para a que a semana passe rápido e ele possa ir ao ar livre de Brasília, para se encontrar e se confraternizar com o "seu povo", no "findi".  O único que lhe dá alguma alegria.

sábado, 2 de maio de 2020

A elite não está entendendo mais nada!

O coronavírus chegou ao Brasil, por São Paulo, importado da Itália por um empresário que fez os testes no Hospital Albert Einstein e confirmada a contaminação ficou internado no mesmo hospital e teria se recuperado. Alguns familiares seus foram contaminados e igualmente tratados no Einstein,  uma referência de qualidade hospital em todo o Brasil.  Todos os primeiros grupos de contaminados foram internados e tratados em hospitais privados de "padrão FIFA". 
Uma segunda leva de contaminados ocorreu numa rede privada, voltada ao atendimento de idosos, o grupo mais vulnerável. Dedicaram um hospital exclusivamente para o atendimento do doentes da COVID 19 e acabou concentrando as mortes, nas primeiras semanas. 
A contaminação de pessoas da família ou conhecidos, alguns que foram a óbito, foi o indicador da gravidade da doença e não titubearam em atender as recomendações de distanciamento social, a partir da segunda quinzena de março.
Mudaram suas rotinas diárias, adotaram novos hábitos, como o home office, alimentação pelo delivery, compras pela internet e outros.
Mas, depois dos primeiro 30 a 40 dias de confinamento, vendo que não há mais muitos conhecidos contaminados, que o Einstein, Sírio-Libanês e outro hospitais privados de primeira linha estão com boa disponibilidade de leitos e de UTIs, querem gozar de um pouco mais de liberdade: fazer seus exercícios de caminhada e corrida, nas ruas, ir até o escritório, encontrar com os amigos e colegas de trabalho, presencialmente. 
Para eles, o vírus está controlado, para outros realmente não passa de uma gripezinha, com muitos conhecidos, com resultado positivo, que não passaram de uma dor de cabeça, tratada com analgésico. 
Não entendem porque o Prefeito e o Governador, insistem em manter as restrições, prejudicando os seus negócios, as suas atividades. Para eles seria tudo "jogo político" e as estatísticas seriam manipuladas. 
Querem voltar às suas rotinas e gozar de mais liberdade. Não querem mais ficar confinados em casa: ficar mais, mas não integralmente. 
Acham que saindo no seu carro, evitam aglomerações e contacto com terceiros, não havendo risco de contaminação. Não por outro motivo as avenidas foram tomadas por carros e não pelos ônibus. 

Guerra contra o coronavirus

Tenho reiterado que estamos em guerra. Na prática na terceira guerra mundial, não obstante a inaceitação e até descrença de muitos com relação à essa visão bélica.
Se, de um lado, há os que contestam essa visão, outros começam a adotá-la como Celso Ming, em sua coluna do Estadão, de 30 de abril, sob o título Despreparo, reforçando a visão de que o mundo se preparou para uma Terceira Guerra Mundial, digamos convencional, de potências contra outras, com modernos armamentos, mas inteiramente despreparado para enfrentar uma guerra contra um vírus, embora alguns tenham previsto e alertado sobre a possível ocorrência.
É uma guerra inteiramente diferente, com características inteiramente defensivas. Não há, por enquanto, nenhuma arma capaz de destruir o vírus. Ele só ataca seres vivos, preservando os bens físicos que - na guerra convencional - são destruídos. Causa uma ampla devastação humana e só é vencida no organismo das pessoas infectadas, pela geração de anticorpos. 
O meio mais eficaz até agora encontrado para evitar a disseminação do vírus e a enorme mortandade por ela causada é o distanciamento ou isolamento social. O que, por sua vez, gera enormes danos colaterais na economia. 
Diante desses danos inevitáveis, há - como o Presidente Bolsonaro - que defendem a estratégia de não fazer o isolamento, admitindo que haverá um número de mortes um pouco maior, tendo em compensação a continuidade de funcionamento da economia. 
Em alguns países, como na Itália e Espanha, o baixo isolamento, resultou num surto descontrolado de contaminações e mortes, levando as autoridades a pedir desculpas à população e adotar medidas mais rigorosas de isolamento.
As medidas de isolamento não são nacionais, mas municipais e estaduais. Governadores e Prefeitos se dividem entre os favoráveis ao isolamento e os que seguem a visão do Presidente da República. 
Embora já haja alguns indicadores, as duas próximas semanas mostrarão as consequências efetivas das estratégias alternativas, segundo os diferentes Estados. 

sexta-feira, 1 de maio de 2020

O mais novo inimigo

Jair Bolsonaro sabe ou acha que precisa sempre ter um inimigo visível para manter o moral da sua tropa. 
Na saída de Mandetta, assestou as suas baterias contra Rodrigo Maia, mas esse não assumiu e a batalha não chegou a ocorrer. Foi logo superada pela saída de Moro.
Na saída deste, não conseguiu transforma-lo - de imediato - em seu inimigo. O contra-ataque desferido logo à tarde, reunindo todo seu Ministério foi um desastre, em termos estratégicos. Apenas a sua tropa mais fiel e radical, tornou o seu grande herói em traidor e inimigo. 
Bolsonaro fiicou perdido, mas logo se recuperou. Definiu o novo inimigo: responde pelo nome de Alexandre de Moraes. A sua turba já se mobilizou pela rede social para o ataque buscando desconstruir a imagem dele, em função da contestação do ato de Bolsonaro.
O Ministro do STF, em decisão monocrática, barrou a nomeação de Alexandre Ramagem para a direção geral da Polícia Federal, por desvio de finalidade. 
O próprio Bolsonaro deu declarações públicas de que queria interferir na "minha Polícia Federal", para atender interesses pessoais e familiares. Valendo-se do que achar ser o seu direito soberano de designar qualquer dirigente dentro do Serviço Público Federal, nomeou um delegado, tido e respeitado como competente, mas notório amigo de seus filhos, fazendo parte da "turma da Barra".
Contrariando as ponderações da sua área jurídica,  determinou a apresentação de recurso, com uma declaração autoritária "aqui quem manda sou eu", mesmo sob risco de sofrer ampla derrota na turma ou no pleno do STF e ameça não cumprir a decisão judicial, insistindo na nomeação de Alexandre Ramagem, para a direção geral da "sua" Polícia Federal. 
Não aceita que dentro do Governo existam órgãos de Estado, com autonomia e independência assegurada em lei. Para ele todos são subordinados a ele, o Presidente da República - legitimamente eleito -  e devem seguir o que manda. Se não seguirem estariam sujeitos às penas por indisciplina. Aliás, indisciplina é especialidade dele, desde os anos setenta do século passado: obedece ou "cai fora". Até inventou novas categorias: "independência não é sinônimo de soberania". 
Para ele o único soberano do País é ele, o "Rei Bolsonaro I"
Falta ou faltou alguém lembrar que descumprimento de ordem judicial é cominada como crime de responsabilidade do Presidente e motivo para o seu afastamento do cargo. 
Ele está sempre preocupado em não repetir o erro de Dilma Rousseff, mas corre o risco de incorrer em outro. 
Já está sob risco com o inquérito aberto pelo Procurador Geral da República, prontamente autorizado pelo Ministro do STF, Celso de Mello, que é um dos passos iniciais para o processo de impeachment. 
Como sempre, recuou mas não desistiu. 

Lula, meio livre

Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...