domingo, 10 de maio de 2020

Fatores psicossociais (2)

Tendo em vista os impactos psicossociais, os múltiplos traumas, o processo de normalização ou recuperação da sociedade ocorrerá gradualmente. Com maior ou menor velocidade em cada país, em cada região, em cada setor da economia e sociedade e em cada grupo social. 

O comum será o gradualismo, mas as velocidades serão muito diversificadas.

De uma parte, uma pequena parte de incrédulos, que não foram afetados diretamente, com manifestações graves ou morte de pessoas mais próximas, pela COVID-19, que acharam que tudo não passava de alarmismo, irão reclamar da lentidão da recuperação da economia e de obrigações sociais - como o uso de máscara em vias públicas e transporte coletivo - que acham ser "frescura". Mas serão minoria.

A maioria irá retomar as atividades "normais" lentamente.

Os mais renda, que adotaram o "fica em casa", com condições trabalhar em casa ("home office"), abastecer-se por compras pela internet ("e-commerce") , inclusive refeições prontas (delivery) irão incorporar esses novos hábitos como o normal, como o predominante, mas não exclusivo. 

Embora essa população seja uma parte menor da sociedade, fica no topo do "iceberg", sendo a parte mais visível, onde também estão a maioria dos agentes de comunicação, que disseminam a sua visão, gerando a impressão de que representam o todo. Ademais são os responsáveis pela maior parte da economia, determinando os seus rumos.

O "fica em casa" vai continuar - em grande escala - dentro desse segmento da sociedade, gerando substanciais mudanças nas economias urbanas.

A principal medida adotada pelas autoridades na guerra contra o vírus foi o distanciamento social, com a orientação para as pessoas ficarem em casa e determinar o fechamento das atividades econômicas em geral, com exceção das consideradas essenciais, como as lojas de alimentação, farmácias e serviços de saúde, assim como a suspensão das aulas presenciais em todos os níveis.

O principal impacto das medidas de distanciamento social foi sobre o consumo e não sobre a produção. Como a dinâmica da economia brasileira é puxada pelo consumo das famílias, teve um impacto altamente sobre toda a economia. Mesmo atividades que continuaram funcionando, reduziram o seu ritmo ou até pararam, porque não tinham compradores.

As reações iniciais foram de se abastecer e formar estoques diante da incerteza da duração das restrições. Isso levou a uma corrida aos supermercados e outras lojas de comercialização de alimentos, assim como as farmácias. Notícias falsas sobre desabastecimento de alimentos ampliou o surto, que num momento seguinte, amainou, mantendo, no entanto, um nível elevado de compras de alimentos e medicamentos. Na sequência ajustaram o seu perfil de compras.


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