O Banco Central adotou uma medida aparentemente estranha e contraditória: mantém os juros e libera recursos dos depósitos compulsórios, elevando a disponibilidade de crédito caro para o mercado.
Se o objetivo do BC é controlar a inflação, a medida irá acelerá-la. enganando os consumidores. Haverá mais crédito para se vender mais a preços mais caros, disfarçados na manutenção dos valores das prestações. O número de parcelas é que irá aumentar. Para efeito do cálculo da inflação, o que vale é o preço total.
Com o aumento das compras a produção deverá crescer, mas reprimidas pelo aumento de preços.
Porém atrás dos discursos e das explicações técnicas dos economistas, a razão principal não seria técnica, mas política.
Seria um agrado do Governo, inspirado por Lula, aos banqueiros e aos investidores. Os investidores continuariam tendo ganhos reais com os juros elevados, mesmo que a inflação aumente.
Mas o lucro principal será dos banqueiros. Eles poderão usar recursos esterelizados para empresar a juros elevados.
Seria um agrado "escondido" para que eles deixem de se opor à reeleição de Dilma, ajudando os opositores e passem a financiar mais a Presidente. Lula sempre fez um discurso contra os banqueiros e deu benefícios, como nunca antes havia no país.
Em 2001 com a possibilidade de eleição de Lula, o mercado ficou apreensivo e o dólar foi às alturas. Os juros subiram e a inflação ameaçou ficar fora da meta. Lula fez uma "carta aos brasileiros" para acalmar o capital e conseguiu. Restabeleceu a confiança do empresariado e o mercado voltou à normalidade. Agora ele procura repetir a estratégia para a reeleição de Dilma, sem uma nova missiva formal, mas com um recado claro através do Banco Central.
A medida não é errática, como muitos estão achando. É muito pragmática e confirma que o Banco Central perdeu inteiramente a independência, funcionando como instrumentos político-eleitoral do Governo.
A unica esperança para os demais é que com a remuneração do dinheiro deixado compulsoriamente no BC ora liberado, os spreads possam cair e os juros finais para os consumidores caiam. Afinal os banqueiros poderiam dividir com os tomadores os enormes ganhos que vão ter com a medida adotada pelo Governo. Não por desejo próprio, mas por pressão governamental.
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