No mar de indicadores negativos sobre a economia brasileira, o Governo se ancora nos dados positivos do emprego, tanto o de desemprego como o de geração de postos de trabalho formais.
O primeiro é levantado pelo IBGE com duas dimensões: uma tradicional que envolve apenas um conjunto de Regiões Metropolitanas e outro, mais recente e abrangente, caracterizado como PNAD contínua, que envolve diversas outras cidades. A primeira tende a apresentar indices maiores de desemprego. Mas ambas mantém um viés de queda e manutenção de índices baixos. A razão imediata é simples: menos pessoa estão a procura de emprego, sem encontrá-lo, na semana em que procuraram. A explicação tem várias interpretações: de um lado, os trabalhadores estariam com ocupações informais e não estariam buscando emprego formal.
Outros acham que por conta do bolsa-família muitos não querem mais trabalhar. Do outro lado estaria havendo maior oferta de empregos, absorvendo mais rapidamente os que buscam empregos. Isso poderia ser demonstrado pelo CAGED, estatísticas levantadas por informações obrigatórias dos empregadores pelo Ministério do Trabalho.
O CAGED confirma uma geração positiva de empregos formais, embora em ritmo decrescente e menor que os mesmos períodos de 2013. Tem sido alardeado como a principal conquista do Governo, fazendo projeções otimistas para o ano, contando com as contratações de final de ano, nos grandes centros urbanos.
Essas previsões favoráveis desconsideram um fenômeno que se repete todos os anos e que geram um baque na geração de empregos. Nos últimos meses do ano há um substancial volume de saida de empregos que não são compensados pelas admissões.
Há uma explicação dessa redução em relação ao setor industrial. O que precisava ser produzido para o consumo do final do ano termina por volta de outubro, passando os produtos para o comércio. A indústria reduz a sua produção, as suas atividades e demite mais do que admite.
Mas isso não explica as quedas no comércio, nos serviços e na construção civil. A explicação mais plausível, mais sentida na construção civil, mas também nos serviços é que os trabalhadores nordestinos "pedem para sair" para levantar o FGTS, acordando até a devolução da multa, para passar o final do ano com a família no Nordeste. Eles voltam no inicio do ano, mas ainda podem ficar um tempo a mais sem emprego, sobrevivendo com o seguro-desemprego.
É um fenômeno cultural que se repete, invariavelmente, no mês de dezembro, podendo ser antecipado para novembro. Em outubro há o fenômeno da redução do emprego industrial acima analisado.
A divulgação do CAGED dos últimos meses do ano vai trazer notícias desagradáveis para o Governo. Mas o nível de desemprego vai continuar baixo. Pelo menos isso, para salvar o ano.
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