sábado, 8 de novembro de 2014

Pensamento das bases peemedebistas

No desenho de cenários prospectivos podem se considerar todos os cenários possíveis, ainda que alguns sejam pouco prováveis.

Qual seria a sequência de uma eventual ruptura do PMDB da sua aliança com o PT, deixando de apoiar a reeleição de Dilma?

O PMDB não rompeu com Dilma, apesar de alguma defecções. Em São Paulo o candidato do PMDB Paulo Skaff recusou a fazer a campanha da Presidente e foi derrotado.

De um lado, Dilma perderia minutos importantes na sua campanha no rádio e na televisão, essenciais uma vez que toda sua estratégia é conduzida pelo marketing político e o tempo no horário gratuito lhe é fundamental. O mais grave seria a utilização pelo PMDB desse tempo para fazer campanha contra Dilma. Seria semelhante a perder 6 pontos num jogo fundamental do campeonato.

Duas questões básicas precisam ser inicialmente respondidas diante dessa eventual ocorrência.

Como João Santana vai redirecionar a campanha de Dilma, sem o tempo do PMDB? Como irá tratar o PMDB dentro da campanha? Aconselhará Dilma a fazer uma ampla faxina, tirando todos os peemedebistas do Governo e adotar a ruptura como uma medida saneadora e uma profunda mudança na forma de governar?

Como se posicionarão os peemedebistas diante dessa ruptura?

Deve-se considerar que essa ruptura decorreria da pressão das bases, sediadas na Câmara Federal, contra a cúpula, que domina o Senado. Essa cúpula seria derrotada, mas não se voltaria contra Dilma. Procuraria evitar que a base tomasse inteiramente o poder dentro do partido e fizesse uma campanha contra Dilma.

O PMDB não rompeu com Dilma antes das eleições, mas não parece aceitar uma posição de subserviência ao Executivo e dar margem ao fortalecimento do PT. Tem um candidato próprio, desafeto do Planalto para a Presidência da Câmara e vários rebeldes no Senado.

Uma grande parte dessa cúpula não terá que disputar a eleição, mas uma das figuras proeminentes terá: Sarney que terá que disputar uma reeleição difícil no Amapá. O PMDB conta hoje com 21  senadores, dos quais 7 terão que disputar a reeleição. A com maior probabilidade de vitoria é a recém-chegada ao partido Kátia Abreu (TO), mais por ser uma das líderes da bancada ruralista do que pelo partido. Não depende nem desse, nem da Presidente para se reeleger.

Sarney desistiu de concorrer. Venceu no Amapá, na eleição de Governador, mas perdeu no Senado. Na sua vaga foi eleito um senador do DEM: Davi Acolumbre. Perdeu duplamente no Maranhão, com a eleição de Flário Dino para o Governo e Roberto Rocha do PSB para o Senado.

Dois dos sete são independentes. Jarbas Vasconcelos (PE) já havia dito que não se candidataria, mas alterou a sua posição, pela aliança com Eduardo Campos. Pedro Simon (RS), poderia não se candidatar pela idade. Mas poderia sê-lo para não abrir espaço para o PT, que concorrerá com Maria do Rosário.  Ambos tem um eleitorado fiel que os reelege sucessivamente. Assim como ocorre com Eduardo Suplicy. Mas todos eles correm o risco do "desgaste do material", principalmente tendo em vista a grande juvenilização do eleitorado.

Jarbas Vasconcelos ficou fora a disputa. Pedro Simon havia desistido mas voltou com a indicação de Beto Albuquerque para a Vice-Presidência de Marina. Mas perdeu para Lasier Martins do PDT, que derrotou também Olívio Dutra que foi o candidato do PT. Em Pernambuco o PSB conseguiu virar e eleger Fernando Bezerra Coelho.
Suplicy concorreu e perder para José Serra.


Garibaldi Pai (RN) dificilmente se elegerá. Para assegurar a vaga, Garibaldi Filho teria que deixar o Ministério da Previdência e se arriscar numa eleição incerta.

O PT conseguiu eleger Fátima Bezerra no Rio Grande do Norte. 

Clésio de Andrade (MG) não tem condições de concorrer com o atual governador Antonio Anastasia ou o candidato do PT. 

Anastasia ganhou com folga dentro do debácle do PSDB em Minas Gerais. 

Cassildo Maldander (SC) é considerado "carta fora do baralho". Mas o PMDB acabou lançando o ex-Prefeito de Florianópolis Dário Berger, que foi vitorioso.


Por outro lado, o PMDB não tem poucos nomes fortes para disputar uma vaga no Senado. Uma das poucas é Simone Tebet (MS) atual vice-governadora, com cacife eleitoral a partir de Três Lagoas. 

Simone Tebet se elegeu.

A família Sarney está em risco. Além de José Sarney, ter que enfrentar uma reeleição que já não desejava no Amapá, Roseana Sarney (MA) corre o risco de ser derrotada por Roberto Rocha o candidato do PSB na chapa de Flávio Dino, que apesar de ser do PCdB, no Estado é oposição à Dilma. 
Os Sarneys são os que mais precisam do apoio de Dilma, sem contar com a colaboração do PT. 

Terá uma pequena baixa e uma preocupação maior com 2018. 
Por enquanto as suas 14 cadeiras não sujeitas à eleição, lhe asseguram uma posição de negociação com o PT e com o Governo, qualquer um que venha a ser. E esses 14 controlam a bancada e o próprio partido. 

O PT tem atualmente 13 cadeiras, das quais apenas 3 sujeitas à reeleição. Eduardo Suplicy (SP) e Anibal Diniz (AC), esse suplente do governador Tião Viana são considerados favoritos. Ana Rita (ES) já foi descartada como candidata à reeleição, dando lugar a João Coser, candidato forte e, por enquanto, sem concorrente. 

Rose de Freitas, pelo PMDB levou fácil a disputa pelo Senado, juntamente com Paulo Hartung que retornou ao Governo. No Acre o PT ganhou o Governo mas perdeu o Senado, com a eleição de Gladson Cameli do PP. 

Uma grande aposta do PT é Jaques Wagner na Bahia, com a ameaça de Eliana Calmon, lançada pelo PSB, dentro da perspectiva de renovação política, comandada por Eduardo Campos.

Jaques Wagner surpeendeu e assegurou a vitória do aliado e Vice Governador, Otto Alencar, do PSD, derrotando Gedel Vieira Lima.  Desmoralizou todos os cenários.

Não é fora de propósito a possibilidade do PT superar a bancada do PMDB no Senado. A cúpula não acredita, mas a própria base do partido no Senado poderá pressionar para um combate aos candidatos do PT, principalmente em São Paulo, Rio Grande do Sul e Bahia.

O PMDB teve uma pequena perda e continua tendo a maior bancada no Senado. O PT teve perdas maiores. O PSDB apesar da eleição de nomes ilustres perdeu quantitativamente. Quem mais ganhou foram o PDT e o PSB que, ademais contou com a eleição de Romário, no Rio de Janeiro. 


A cúpula não quer acreditar para ter o apoio de Dilma às candidaturas dos Sarneys, mas parte da base pode assumir que essas são candidaturas perdidas, com ou sem apoio de Dilma, e que se opor ao crescimento do PT será mais importante, para manter a liderança no Senado.

(Apenas para registro e avaliação. Foi escrito inicialmente em março de 2014, mas não publicado e vou fazer a avaliação do que efetivamente ocorreu).

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