terça-feira, 4 de março de 2014

Carnaval: vitrine ou vidraça?

O que o Brasil mostra ao mundo com o seu Carnaval? Com as diversas manifestações efetivas e não com o que quer difundir. Nós sempre queremos mostrar as vitrines e esconder as vidraças.
Ocorrem manifestações carnavalescas em diversas cidades, mas algumas são as mais marcantes: Rio de Janeiro e Salvador.
Para quem está presente nessas há uma visão, uma percepção. Uma grandiosa manifestação de alegria e felicidade, em que todas as mazelas são desprezadas. 

Quer ser feliz? Venha para o Carnaval Brasileiro!

Quem acompanha pela televisão a visão é enviesada pelas emissoras. O que o mundo vê é o que é mostrado pela TV. É um grande espetáculo cênico.

O carnaval de Salvador, do Recife e de outras cidades é uma grande manifestação popular, com milhões de pessoas cantando, pulando e se divertindo.
Já no Rio de Janeiro, agora estendido para São Paulo, o carnaval foi transformado num espetáculo para alguns espectadores que conseguem ir aos respectivos sambódromos e para multidões que acompanha os desfiles  pela televisão, tarde da noite até o sol raiar.

Há uma grande montagem de carros alegóricos, de fantasias de centenas de participantes das escolas, puxadas por um cantor de voz rouca e forte e pela bateria.  Mas os destaques são as belas mulheres, semi-nuas rebolando, esbanjando sensualidade e consolidando a imagem de oportunidades sexuais. A TV, a imprensa impressa em papel e agora a internet não cansam de mostrá-las.

O Brasil insiste em mostrar uma imagem, mas não quer que essa seja vista como uma atração sexual e que promova o turismo sexual.


O Governo reafirma que o Carnaval não tem conotação sexual, mas promove grandes campanhas pelo uso da camisinha, pré e durante o evento.


Como esse fenômeno pode ser entendido? Seria uma enorme hipocrisia social? Um traço cultural preponderante da sociedade?

Não haveria uma conotação sexual nas belas figuras femininas mas um elemento estético? Apenas para ser apreciado?

Um egoismo nacional? O brasileiro quer saborear as suas belas mulheres, mas não quer compartilhá-las com os estrangeiros?

Evolução da publicidade que percebeu o apelo de belas mulheres para chamar atenção aos seus produtos e persiste em explorá-las? Até quando?

Como evoluirá o Carnaval Brasileiro em função dessas contradições?

Antigamente havia muito Carnaval nos salões, recheada por foliões a fantasia, o que foi minguando, restringindo-se hoje às sessões infantis. As crônicas sobre os carnavais antigos, as músicas, retratam um carnaval mais inocente e poético, com os seus pierrôs, colombinas e arlequins. Poderia não ser a realidade, mas é a imagem trazida ao presente.


Os grandes desfiles e concursos de fantasias foram para o sambódromo. Os desfiles incorporam, cada vez mais tecnologia e efeitos visuais. 

Os carnavais de rua começam a renascer no Rio de Janeiro e São Paulo, com os blocos que reúnem cada vez mais milhares de participantes, brincando e pulando de forma mais espontânea. Já são dominantes no Recife. 

A conotação sexual do Carnaval será substituída?

Voltaremos a um Carnaval menos profissional? Ou continuaremos dominados pelas estratégias das empresas de bebidas, de comunicação e da indústria da exploração sexual?

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