O Prefeito de São Paulo conseguiu que a sua base própria mais a aliada aprovasse o projeto de implantação de 150 km. de corredores de ônibus, dentro da modalidade BRT (Bus Rapid Transit), justificando que irá melhorar a mobilidade urbana. Irá, mas provavelmente por um custo muito elevado, econômico e social, para um benefício reduzido.
Ele, como muitos dos especialistas e outros dentro da sociedade, entendem que a solução para a mobilidade urbana está na substituição do transporte individual pelo coletivo. Vã esperança ou ilusão. As viagens da população urbana em São Paulo, por meio individual continuam crescendo mais do que as por meio de ônibus. E os congestionamentos ainda piorando.
A questão da mobilidade urbana não se resume na contraposição entre modo individual x coletivo, mas é muito mais complexa.
O foco deve ser o deslocamento das pessoas e essa se faz sempre de forma multimodal, com integração entre modos, O transporte individual pode propiciar um deslocamento quase que unimodal, mas mesmos nas pontas, o cidadão completa o seu percurso a pé. Com a verticalização, ele pode completar o seu trajeto com o uso de um meio coletivo, não considerado, na OD como em outras pesquisas e na composição dos modos de transporte: o elevador. Os baianos contam, há muito tempo, com esse modo de transporte coletivo. A diferença é que o Elevador Lacerda é público, mas a maior parte da locomoção vertical é privada.
O modo coletivo só excepcionalmente propicia o deslocamento unimodal. Principalmente o modo de transporte de massa ou de grande capacidade de transporte que só atende a percursos estruturais. O uso do transporte coletivo é predominantemente multimodal. E o povo, em todos os níveis não gosta de mudar de modo de transporte.
A menos de transbordo em terminais de ponta, o usuário do transporte coletivo sempre acha - ainda que não seja verdade - que a segunda condução vai estar mais cheia e pior que a primeira. Ele prefere fazer trajetos mais longos e enfrentar congestionamentos do que mudar de modo.
A maior velocidade dos ônibus não é percebida como um vantagem para quem tem que fazer transbordos.
Há ademais uma contradição: os corredores devem carregar mais passageiros e, veículos cheios são percebidos, pelos usuários, como má qualidade. O principal indicador de qualidade do transporte coletivo, para quem tem opção é o conforto da viagem. Para reduzir a lotação o operador tem que colocar mais veículos, reduzir os tempos de espera, o que eleva os custos, sem ganhos adicionais de receita operacional. O operador privado prefere manter um volume menor, maior lotação, o que lhe proporciona melhores resultados econômicos. Para evitar isso, a favor do passageiro a Prefeitura tem que aumentar os subsídios.
Diante o aumento de gastos da Prefeitura com o transporte coletivo, cabe indagar se essa é a melhor solução para reduzir os congestionamentos?
(continua)
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