segunda-feira, 24 de março de 2014

Desconstrução de dois grandes símbolos

O marketeiro João Santana construiu em 2006 dois grandes símbolos que foram absorvidos pelos eleitores. Contribuiram ou foram vitais para a eleição de Dilma Rousseff: a de que ela era uma competente gerente e a de que a Petrobrás era o Brasil.
Ela administraria bem todo o país, ao longo da sua gestão, promovendo o seu crescimento, como já demostrara (pelo menos na campanha mercadológica) na gestão do PAC. Melhoria da vida de todos os brasileiros, com a sua competência.
Criou o mantra de que a Petrobrás se confundia com o país. Bombardeou o país com a versão, também aceita pelo povo, de que o PSDB iria privatizar a Petrobrás, vendendo um patrimônio nacional.

Agora os fatos e números mostram irrefutavelmente que Dilma "escorregou" gerencialmente quando da aprovação da operação de aquisição de uma refinaria em Pasadena, nos EUA, ainda que baseado em relatório incompleto. 
A justificativa recente de que a cláusula do "put option" não estava no relatório, só demonstraria o seu despreparo para o cargo, uma vez que é uma condição usual em operações de fusão & aquisição,tanto que outros conselheiros, mais preparados, não a questionaram, tampouco justificaram a sua participação na decisão, com a ausência da mesma no relatório.
Como o que vale, nas comunicações de massa, é a versão do fato, e não o fato real,  João Santana terá muito trabalho e dificuldade para superar essa versão. 
Transferir toda responsabilidade para a diretoria executiva da Petrobrás corre o risco de trazer a tona outros aspectos da operação que o próprio PT prefere manter submerso. A unanimidade em torno da versão de que foi um bom negócio nas circunstâncias e perspectivas quando do fechamento da operação foi quebrada.
O melhor para o PT seria minimizar o episódio para fazer o eleitorado esquecê-lo, suplantado por decisões corretas e adequadas em relação à Petrobrás.
Mas os fatos não tem ajudado: o pré-sal não conseguiu ainda produzir o suficiente para retomar uma efêmera auto-suficiência do país em relação ao petróleo, o endividamento compromete as finanças e contribui fortemente para a depreciação da suas ações e consequentemente o seu valor de mercado.
A recuperação econômico-financeira da Petrobrás depende do reajuste dos preços da gasolina e do diesel, mas um eventual aumento dos combustíveis compromete o controle da inflação: "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come". 
O que João Santana poderá criar de factoide para reverter as imagens negativas de Dilma, uma vez que os fatos não podem lhe ajudar?
A sua esperança é que esses fatos, significativos para a opinião publicada, fique restrita a essa e sejam pouco consideradas pela opinião não publicada, que contempla um número muito maior de eleitores.
Ou terá que criar factóides que façam a população esquecer aqueles fatos. A Copa do Mundo poderá ser o grande tema.



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