A pauta de exportações brasileiras é dominada pelas commodities, sendo o complexo soja a principal. Com a retração da exportação dos produtos industrializados, vem aumentando a dependência do Brasil desses produtos.
Esta condição não é aceita pela maioria dos economistas, das autoridades e pela sociedade, influenciada pelos primeiros. É vista como uma condição de uma economia subdesenvolvida e não de uma potência econômica que precisa produzir e exportar produtos de alta tecnologia e inovadores e não produtos primários.
Este viés ou até preconceito foi praticamente consenso durante muitos anos, apesar de uma realidade sempre rejeitada, que só agora começa a ser quebrado, com aceitação de um modelo de desenvolvimento econômico brasileiro, baseado no agronegócio e não na indústria. Ainda que o agronegócio envolva também um segmento industrial.
Decorre do crescimento da importância relativa desse setor na formação do PIB e do comércio exterior e de uma percepção mais realista do agronegócio.
A agropecuária é caracterizada pela estruturação e contabilização econômica, como integrante do setor primário da economia. Essa condição é confundida como uma atividade meramente extrativa ou de produção rudimentar, sem grande incorporação de tecnologia. O que é um equívoco.
A soja brasileira não é um produto que é semeado com ajuda de uma enxada, brota naturalmente e é colhida manualmente. Ela tem alta produtividade e custo mais baixo porque utiliza recursos naturais, em decorrência de inovações tecnológicas. É semeada e colhida com auxílio de alta tecnologia e de equipamentos supermodernos. É talvez o produto brasileiro com maior agregação tecnológica., ainda que um produto do setor primário e uma commodity.
Corre o risco, no entanto, de perder a vanguarda tecnológica com o desenvolvimento e utilização da biotecnologia.
Embora, tenha alta competitividade dentro da fazenda, em função da tecnologia, a perde até chegar ao porto por falhas logísticas, que eleva o custo do transporte incorporado ao custo total. A movimentação ainda é feita predominantemente por caminhões, embora demostrada inequivocamente que o transporte ferroviário ou hidroviário tem um custo menor.
Por que, apesar de reconhecida a vantagem econômica da ferrovia ou da hidrovia, essa não é preferida pelos produtores ou pelas tradings e o Governo posterga - sucessivamente - os investimentos no setor?
Aparentemente porque esta solução não tem o apoio da sociedade, sucumbida ao lobby e marketing da cadeia produtiva do transporte rodoviário, com suporte na visão de que o país deve priorizar a indústria de alta tecnologia e não a produção e exportação de commodities.
Há uma mudança em processo dessa visão industrialista, com a sua crise de competitividade, em confronto com a condição competitiva do agronegócio, que se estende para a agroindústria.
Passa a haver maior apoio da sociedade à visão de que o agronegócio deve ser estimulado e promovido como um dos pilares do desenvolvimento econômico.
Passando a ser aceita como prioridade e não como um acidente ou como uma oportunidade efêmera, os investimentos na infraestrutura logística para manter a competitividade da soja em grão e seus derivados.
Como então viabilizar a ampliação dos transporte da soja por ferrovia ou hidrovia?
Ver o que não é mostrado - Enxergar o que está mostrado Ler o que não está escrito Ouvir o que não é dito - Entender o que está escrito ou dito
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Lula, meio livre
Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...
-
Carlos Lessa - ex presidente BNDES As políticas públicas verticais focam partes ou setores específicos da economia, tendo como objetivo ...
-
Paralelo 16 é uma linha geográfica que "corta" o Brasil ao meio. Passa por Brasília. Para o agronegócio significa a linha divi...
-
A agropecuária brasileira é - sem dúvida - uma pujança, ainda pouco reconhecida pela "cultura urbana". Com um grande potencial de ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário