Situação e oposição se contrapõe na disputa pelo Poder. A situação está no Poder e quer se manter nele e a oposição quer conquistar esse mesmo Poder.
A mensagem da situação é mostrar ao povo de que está Governando bem, com bons resultados para os eleitores e que num governo subsequente, poderá melhorar. Procura mostrar o que pode fazer, como melhoria contínua.
Já a oposição precisa mostrar ao povo que o Governo vai mal, com maus resultados para os eleitores, que não consegue resolver os problemas e que não pode continuar, como está. Mas isso não basta. Precisa mostrar ao povo, como irá governar melhor.
Os discursos são padrões, de ambos os lados, com promessas genéricas.
Ao longo da entre-safra eleitoral, diante de questões concretas, esses objetivos estruturais nem sempre ficam claros.
É em relação às questões concretas que as posições da situação e da oposição são colocadas em xeque.
Duas situações críticas colocam as situações em xeque: uma no Governo Federal, dominado pelo PT, com os problemas na Petrobrás e outra no Governo Estadual, de São Paulo, onde o PSDB - oposição no âmbito federal - é situação, enfrentando o risco de falta d'água.
A Petrobrás é uma empresa símbolo e apesar de ser uma empresa, com multiplicidade de acionistas, inclusive do exterior, é assumida pelo povo com a representação do país. Parafraseando Nelson Rodrigues, a Petrobrás é a "pátria em petróleo", ou a Pátria na gasolina.
Qualquer suspeita em privatizar a Petrobrás é mostrada e percebida como "vender o Brasil". O PSDB aprendeu isso amargamente, em sucessivas derrotas eleitorais, no âmbito federal. O PT sempre usou esse argumento para desconstruir os adversários.
A Petrobrás vai mal, com perda do seu valor de mercado e sucessivas crises de administração, sendo a mais recente uma operação danosa: a compra de uma refinaria no Texas, Estados Unidos. Os números da operação são inegáveis.
O Governo não a defende, até porque reconhece que a operação compra da refinaria acabou sendo desastrosa e transfere toda a responsabilidade para a direção da empresa. A Presidente está terrivelmente incomodada, contrariada com o seu envolvimento pessoal na operação.
A defesa fica a cargo do PT, por envolver mais a administração anterior do que a atual. O que quer mostrar é que a operação nada teve de anormal ou ilegal. Apenas se tornou um mau negócio pela ocorrência de circunstâncias supervenientes no mercado mundial.
Fora os discursos de praxe, repetindo o que está na mídia, o PSDB está na dúvida sobre que caminho seguir. Alguns partidários querem a instalação de uma CMPI. Outros acham que é um movimento fadado ao fracasso, dada grande maioria da base aliada. Ademais uma perda de tempo e oportunidade para a situação reverter o quadro.
Considerando o racha entre o Governo e o baixo clero, suponhamos que a CMPI seja instalada. O que resultaria dela?
Mesmo que criada, a situação teria o seu comando e o risco é que acabe em conclusões mais favoráveis ao Governo do que contrárias. Para a situação a questão crítica é escolher os "bodes expiatórios" que terão que ser sacrificados para salvar os maiores e reais responsáveis.
Para a oposição interessa demonstrar ao povo que não se tratou apenas de um mau negócio, por conta das mudanças nas circunstâncias internacionais, como quer mostrar o PT. Eventuais suspeitas de superfaturamento serão apenas numéricas. Seria necessário comprovar que a supervalorização deu origem à propinas, caracterizando-se como desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro. Uma CMPI teria condições de averiguar e comprovar isso, mais que o TCU, a CGU ou o Ministério Público?
Ou a CMPI seria apenas uma manobra diversionista para desviar a atenção sobre os carteis e irregularidades nos governos tucanos em São Paulo?
Mas se não for a instalação de uma CMPI, que caminhos pode seguir do PSDB?
Um desses seria difundir a versão de que a incompetência gerencial está levando ao atraso na exploração do pré-sal, comprometendo a balança comercial brasileira, com sucessivos aumentos do déficit. O congelamento dos preços dos combustíveis, o aparelhamento da direção da empresa, o desvio de recursos dos investimentos em operações danosas como a da Refinaria de Pasadena, os superfaturamentos nas grandes obras, como a Refinaria em Pernambuco ou o Complexo do Rio de Janeiro (COMPERJ), elevando os custos e ampliando os prazos para conclusão, estariam atrasando a produção do petróleo do pre-sal e a autossuficiencia brasileira em petróleo.
Mas quais seriam as propostas alternativas do PSDB em relação ao petróleo e à Petrobrás? Apenas um "choque de gestão"?
Eduardo Campos já reage mais rápida e estrategicamente, usando a teoria da conspiração. Segundo ele o que estaria ocorrendo com a Petrobrás não seria apenas a consequência de má gestão, mas uma operação para desvalorizá-la, com o objetivo de vendê-la a preços mais viáveis para eventuais interessados.
Não que ele acredite realmente nessa hipótese, porém é um ataque de caráter defensivo (a melhor defesa é o ataque) tomando a iniciativa de acuar o PT com relação ao tema, antes que esse partido e seus partidários o acusem de querer vender ou privatizar a Petrobrás, um estigma que já haviam conseguido colar no PSDB.
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domingo, 23 de março de 2014
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