A Prefeitura de São Paulo está tentando desenvolver uma política antiestacionamento, com o objetivo declarado de reduzir o uso do carro e melhorar a mobilidade dentro da cidade.
Supõe que, ao reduzir a oferta de vagas próximos aos locais de trabalho, os trabalhadores não sairão de casa com o seu carro, mudarão o seu comportamento melhorando a circulação nessas regiões.
A suposição é correta, mas os resultados efetivos para a região poderão ser desastrosos.
Com a restrição de vagas os trabalhadores terão ou que acordar mais cedo para disputar uma vaga gratuita em via pública ou desembolsar valores elevados para manter o seu carro estacionado em vagas pagas.
Espera-se que diante desses obstáculos físicos ou econômicos, ele prefira deixar o carro em casa ou dispense a posse de um e passe a utilizar-se do transporte coletivo ou de meios não motorizados, seja a pé ou a bicicleta.
Para essas últimas opções ele tem a alternativa de se mudar para mais próximo do seu emprego.
Permanecendo onde mora ele tem outra opção: mudar de emprego e buscar trabalho onde possam continuar indo de carro.
Se ele for um profissional altamente qualificado, que a empresa não pode dispensar o patrão acabará concedendo, como benefício o pagamento ou ressarcimento do valor do estacionamento, anulando o objetivo público de restringir o uso do carro, pelo seu encarecimento.
De toda forma supõe-se que esses casos seriam excepcionais e teriam pouco impacto. Não é o que mostra a pesquisa OD realizada decenalmente pelo metrô. A maioria das pessoas que usa o carro tem o seu estacionamento subvencionado.
O impacto maior seria do empresário ou do empregador. Esse é o que decide o local de trabalho e gera os empregos para os trabalhadores. Esses, em geral, pessoas de maior renda não dispensam o carro para ir ao trabalho por meios coletivos, mesmo tendo a disponibilidade do serviço metroviário, considerado o de melhor qualidade.
Excetuando os de menor porte, tem renda para pagar os valores dos estacionamentos avulsos, não sendo esses os desestimuladores do uso do carro.
Ademais esse custo é incorporado ao valor do imóvel que vão ocupar, seja próprio ou alugado. Se em função da escassez de vagas o custo dessas vinculadas às salas for muito elevado, ele tenderá a buscar outros locais para se instalar, com custo mais adequados ao seu negócio.
Ou seja, o aumento desmesurado dos espaços para estacionamento o levaria a mudar de região. Essa decisão, repetida por vários empresários leva ao esvaziamento e degradação.
A restrição ou o encarecimento do estacionamento pode promover a redução do destino de carro para a região com restrição, mas não apenas do carro, mas também do seu motorista.
E quando ele é um empregador, também dos seus empregados.
Ele poderá, no entanto, manter-se na região em função dos seus clientes.
Mas se seus clientes não conseguirem ter acesso a essa região, pela dificuldade de estacionar, preferindo outras regiões, ele se verá obrigado a se mudar, para manter ativo o seu negócio.
Esse impacto é maior em se tratando do comércio varejista de rua. Repercute ainda na atividade de restaurantes.
Restringir vagas de estacionamento pode ser o melhor caminho para a degradação urbana.
(PS - Estou abrindo uma série de artigos estocados).
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