A campanha política presidencial coloca em confronto três visões em relação à política brasileira.
A primeira é de que "os fins justificam os meios", adotada pelo PT e que leva a sua composição com corruptos e com políticos fisiológicos, para formar a base aliada no Congresso. O fim principal seria a construção de um país menos desigual. Para a consecução desse objetivo o entendimento é que é preciso estar e se manter no poder. Nem que para isso seja necessário estabelecer parcerias espúrias, abandonado os princípios éticos inicialmente estabelecidos. Como consequência real um projeto nacional de maior igualdade social se tornou apenas um projeto de poder.
Aparentemente há um segundo objetivo que seria o de suprir o país de uma adequada infraestrutura. Mas na prática a razão principal para a contratação de um grande conjunto de obras estaria vinculada ao objetivo de financiar o projeto de poder. Dai a preocupação em acelerar as contratações, mas não a sua conclusão.
A proposta de Marina Silva é a "nova política" associando-se apenas aos homens (e mulheres) de bem. Repudia a parceria com os corruptos e os notórios da "velha política". A nova política busca se aproximar mais da democracia direta, suplantando a intermediação dos políticos eleitos. As grandes decisões políticas devem ser objeto de plebiscito ou referendo popular e as de interesse mais restrito com a participação de Conselhos Populares.
O que se questiona em relação a esse modelo é a sua viabilidade e governabilidade.
Se Marina for eleita, conseguirá mobilizar um conjunto suficiente de homens de bens e também competentes para gerenciar eficiente e eficazmente a máquina estatal, incluindo as suas grandes empresas?
Conseguirá formar uma base parlamentar só com políticos do bem, para garantir a governabilidade?
Mesmo que consiga formar uma boa base agora no Senado, com Suplicy ou mesmo Serra em São Paulo, com Heloisa Helena em Alagoas (mesmo não podendo apoiá-la formalmente), com Romário no Rio de Janeiro e outros, 2/3 permanecerá, incluindo os notórios Renan Calheiros e Romero Jucá. Só terá descartado o decano José Sarney, a maior personificação da "velha política".
A seminova política (para usar o eufemismo do marketing da indústria automobilística) foi praticada por Eduardo Campos, em Pernambuco, sem uma ruptura completa com a "velha política", mas buscando atrair para o seu projeto "políticos do bem". Pretendia realizar o mesmo modelo em âmbito nacional, trazendo para junto de si, políticos do bem, o principal Marina Silva. Com a sua morte, o projeto fica interrompido, embora Mariana o tenha herdado e tenha que mantê-lo.
Mas se com Eduardo ele tentaria uma renovação do tipo 30/70 para ir mudando ao longo do tempo para chegar a 70/30, Marina quer começar com esse índice mais radical de renovação, para chegar ao 100/zero.
A "seminova política" é também o projeto de Aécio Neves, mas de forma mais medrosa. A sua tendência é começar com algo do tipo 10/90 para alcançar um meio a meio. E tentar um segundo mandato com uma equação 70/30.
O problema é que a "turma de junho de 2013" tem pressa e não quer esperar tanto. Ela quer logo um "zero quilômetro" e não um semi-novo.
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