Não há projetos nacionais que definam de forma consistente os rumos para o país, mas há meio-projetos que enfatizam alguns aspectos, de forma diferenciada.
O projeto petista se baseava em três principais pilares: reduzir a desigualdade social, fortalecer o papel do Estado, como o principal mentor do desenvolvimento econõmico e de prestação de serviços, reduzir ou até extirpar a corrupção dentro do setor público.
Enquanto na oposição, combateu os governos por não cuidarem adequadamente do combate à desigualdade social, pretenderem enfraquecer o Estado, principalmente mediante a privatização de empresas estatais, entendidas como patrimônios nacionais e a prática de corrupção dentro da administração pública.
No entanto, para conquista do poder, abdicaram do terceiro pilar, associando-se a supostos corruptos. Conquistado o poder, para consolidar as suas bases políticas, ampliaram as teias da corrupção, algumas desmascaradas. O abandono desse pilar fez com que muitos companheiros se afastassem do partido.
Durante o Governo Lula, foram feitas algumas privatizações de serviços públicos, com a desculpa de que se tratavam de concessões e não de privatizações. Várias empresas estatais, embora de menor porte, foram criadas e expandida a máquia administrativa federal. Já no Governo Dilma, foram ampliadas as concessões, bem sucedidas no setor de energia elétrica, rodoviário e aeroportuário e com problemas nos setores de ferrovias e portos, dada a posição de petista de conceder, mas com muitas restrições e sem garantias jurídicas.
O único pilar mantido, desenvolvido e consolidado foi o da redução da desigualdade social, com a efetivação de diversas ações ou programas, principalmente o bolsa-família, porém efetividade reduzida. Na prática é um projeto com um único pilar.
O projeto de Marina Silva se baseia num pilar central: a sustentabilidade ambiental. Mesmo a redução da desigualdade social como a redução da corrupção na administração pública, entram como pilares auxiliares e não principais.
Mesmo tendo alcançado 20 milhões de votos no primeiro turno de 2010, é um projeto derrotado dentro do Governo Federal. A importância da sustentabilidade ambiental caiu com o Governo Dilma, apesar dos focos de resistência. Já na sociedade a cultura ambientalista cresceu, principalmente entre os jovens urbanos. Essa migração de adeptos mudou o foco, acompanhando a migração internacional. A preocupação é menos com o verde, com a floresta e mais com a emissão dos gases de efeito estufa, supostamente os principais responsáveis pelas mudanças climáticas. Isso rebate em colocações sobre as questões urbanas, principalmente o combate ao uso excessivo do automóvel.
O principal pilar do projeto pessedebista é de natureza macroeconômica. Presspõe que com a estabilidade monetária, o setor privado se encarregará de promover o desenvolvimento econômico.
Esse projeto foi implantado por Fernando Henrique Cardoso, inicialmente como Ministro da Fazenda, a partir do qual conquistou dois mandatos presidenciais. Foi mantida, apesar de brechas por Lula e abandonada, ainda que não inteiramente, por Dilma, comprometendo o crescimento e fazendo retornar a inflação.
Esse projeto é combatido porque - supostamente - pioraria a desigualdade social, gerando desemprego e só beneficiaria uma pequena parcela da população: a mais rica.
Esse projeto propõe ainda a redução do tamanho do Estado e a maior participação privada nos serviços públicos. A oposição acusa essa proposta como a entrega ao privado do patrimônio nacional.
Todos os projetos ou "semiprojetos" nacionais tem alguns pontos em comum, nos discursos: educação e saude de qualidade estão em todos, mas não há clareza sobre o que é essa qualidade e como implantar.
Vamos continuar refletindo sobre esses semiprojetos.
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