sexta-feira, 22 de agosto de 2014

As perspectivas da produção industrial brasileira

Diante das questões colocadas em artigo anterior, quais são as perspectivas da produção industrial brasileira?

O que se propõe aqui não á uma avaliação macro, mas uma avaliação das estratégias dos industriais ou das empresas industriais diante das novas circunstâncias do mercado.

O dado inicial é que o tamanho e a evolução - ainda que lenta - do mercado interno torna interessante a participação das empresas com produtos industriais nesse mercado.


Em primeiro lugar é preciso separar o micro e pequeno industrial que produz para suprimento local, com baixa escala e baixa tecnologia, mas está - relativamente protegido pela pequena escala e eventuais dificuldades logísticas. Tais dificuldades limitam o interesse das grandes empresas. 


Já a partir da média para a grande empresa de produtos industriais, o empresário que já conquistou mercado como seu produto associado à sua marca, pode continuar focando no produto ou na marca. O foco no produto está, fundamentalmente, associado ao preço. Ele conseguirá manter-se no mercado se tiver preços competitivos. Com uma fabricação asiática a custos muito mais baixos do que a brasileira, a sua possibilidade de concorrência está em barreiras que podem ser institucionais ou físicas, principalmente da logística. Isso praticamente limita à transformação de insumos locais para consumo local.


Para produtos de melhor qualidade ou diferenciado o industrial os associa à sua marca e, nesse caso, pode produzir local ou internacionalmente. A sua decisão está relacionada com o custo do produto colocado em algum local estratégico do território nacional, para suprimento ao seu mercado.


A questão crucial, já indicada anteriormente, está no entendimento legal sobre terceirização, envolvendo a sua criminalização. As razões contrárias decorrem do jogo sindical e não de uma perspectiva de estruturação das atividades produtivas.


O fato é que a terceirização é uma realidade, aplicada fartamente, com diversos nomes.


Um dos principais terceirizadores é o Estado que vem transferindo atividades-fins, inerentes às suas atribuições ao setor privado. Na saúde, mediante convênios com Organizações Sociais e similares. Nas rodovias mediante concessões. Transferir a construção e operação de rodovias, um serviço público tipico, é uma terceirização. Mas como envolve poucas mudanças sindicais, é pouco contestada, o que não ocorre com a saúde.


Por outro lado a terceirização está muito relacionada com a precarização das relações de trabalho. A principal razão que levou e ainda leva muitas grandes empresas a terceirizar parte do seu processo produtivo é a redução de custos. Os empresários terceirizados, para conquistar os serviços ou contratos aceitam vender por preços menores e transferem a compressão dos custos à remuneração do trabalhador ou às suas condições de trabalho. Em outros termos, precarizam as condições de trabalho, muitas vezes fugindo da CLT.


Esse processo real de precarização é o que dá sustentação aos sindicatos e outros opositores à terceirização. 


O equívoco está em combater o meio para atingir os fins. O que precisa ser combatido diretamente é a precarização e não um dos meios que o favorece.


Esse combate está nas ações pelo trabalho decente. 



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