As colocações sobre o crescimento desordenado da cidade, por falta de planejamento, envolvem sempre um viés ideológico. Não há consenso entre os urbanistas e mesmo dentro da sociedade sobre a melhor forma de ordenar o crescimento da cidade.
Quando o planejamento adota uma posição o outro lado diz que não há planejamento e ocorre o crescimento desordenado.
Quando alguém diz que não ha planejamento urbano, quer dizer não foi adotado o meu planejamento, a minha concepção. Por isso cada governo faz o "seu plano".
Entre as diversas posições, uma corrente defende o adensamento vertical ordenado, evitando a expansão horizontalizada, enquanto outra é contra o adensamento.
De um lado estão os que defendem a maior utilização dos equipamentos públicos já instalados, principalmente no centro histórico das cidades, promovendo o adensamento da ocupação. Esse adensamento implica em maior verticalização.
Para o outro lado essa verticalização prejudica as condições ambientais, enfeia a paisagem urbana e concentra a demanda, provocando congestionamentos de veículos nas vias, assim como outros problemas, como a violência urbana.
A alternativa à verticalização é a expansão horizontalizada, para abrigar o aumento populacional, o que leva à ocupação de áreas desprovidas de infraestrutura, obrigando o Estado a investir posteriormente nessas áreas. A dispersão da expansão pode levar à ocupação simultânea de diversas áreas, superando a capacidade do Estado em prover a infraestrutura, determinando a precariedade das condições de vida da população periférica.
A verticalização não alcança as camadas mais pobres, porém deixa a periferia mais próxima dos centros, ao contrário da expansão horizontalizada que leva a periferia cada vez mais distante dos polos de emprego.
Para os moradores das áreas mais centrais a verticalização é percebida por eles, a expansão períférica não.
Outra grande divergência do planejamento urbano é entre os defensores da utilização especializada ou única do solo em contraposição aos que pregam o uso misto.
Em São Paulo, durante muitos anos prevaleceu a primeira posição, dentro do planejamento estabelecido, o que veio a ser contestado pelos novos planos, que privilegiam o uso misto.
Enfim, a conformação real das cidades brasileira decorre muito mais dos planos do que da falta de planejamento.
E o que mais se reclama é a falta do "meu planejamento".
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