A sociedade brasileira começou a sair às ruas para manifestar a sua indignação com "tudo que tem de podre ai", principalmente a corrupção, a má qualidade dos serviços públicos de educação e saúde, os gastos com a Copa, na esteira da oposição ao aumento das tarifas de ônibus.
Com um início restrito. espalhou-se rapidamente por todo o Brasil, principalmente nas capitais, levando milhões às ruas. Ainda que percentualmente uma porção pequena de toda população brasileira, hoje predominantemente urbana e metropolizada, ecoada pela mídia, fez "200 milhões" ouvirem a "voz rouca das ruas". As autoridade, principais alvos das manifestações não tem mais como ficar alheio às reivindicações ou proposições. E ai todos aproveitam para colocar a sua colher de pau. Minorias se juntam ao conjunto para tentarem ser vistas.
As manifestações de ontem serviram para avisar às autoridade que a sociedade continua atenta e que se não cumprirem uma agenda mínima voltarão sucessivamente às ruas e manterão a pressão: particularmente em cima dos congressistas que terão que enfrentar uma reeleição daqui a pouco mais de um ano.Fora as datas "extraordinárias" 15 de novembro será outra data marcante, apesar de ser uma sexta-feira de um fim de semana prolongado.
O volume de manifestantes diminuiu sensivelmente e a expectativa dos telespectadores e dos leitores é mais com o vandalismo e a repressão policial do que com as manifestações em si.
A violência policial e dos blackblocs e de outros extremistas passa a tomar conta da cena.
O chavão da imprensa, nem precisa esperar os acontecimentos: diz ou escreve logo: uma manifestação que começou pacífica, termina em tumulto.
As autoridades foram lenientes com os vândalos, em nome do direito e liberdade de manifestação. Não souberam agir diante do excesso e extravasamento desse direito. Agora com o apoio da Justiça, passaram a agir contra eles. Com a polícia, que só está treinada a reprimir com violência.
De um lado essa repressão traz mais apoio, com o aumento quantitativo dos manifestantes, como se viu em junho. Mas, num segundo momento traz o medo e a retração da maior parte da sociedade. Deixam de ir às ruas protestar, com medo da violência. Correm o risco de ficar no meio dos confrontos. Isso leva ao esvaziamento das grandes manifestações que vão ficando restrito a pequenos grupos e a reivindicações específicas, com mobilizações a alto custo.
Por outro lado, os grupos radicais ou fundamentalistas vão desviando o foco das manifestações. Armam-se para o confronto, enfrentam a polícia e acabam tendo alguns membros presos. Ai os demais mudam o foco para defender e libertar os seus presos.
As razões iniciais das manifestações ficam perdidas.
As autoridade alvo das manifestações medem o impacto dessas pelo que a mídia mostra.
Não acompanham cotidianamente as redes sociais, a menos que alertados. O que vale é a versão dos seus jornais preferidos e a televisão. Esta enviesada pela noção de que os assuntos policiais tem mais interesse da população, mostram mais as cenas de vandalismo e os confrontos do que a parte pacífica das manifestações. Essa já não é "mais notícia".
Se não houver perspectiva de confronto, a mídia nem pauta mais.
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