quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Alternativas de políticas públicas para mobilidade urbana

As cidades cresceram, com o crescimento da sua população e geraram graves problemas, sendo um dos mais visíveis e perceptíveis o excesso de veículos nas ruas, os consequentes congestionamentos e gasto de horas das pessoas nos seus carros parados no trânsito. 
Um dos objetivos defendidos por alguns grupos da sociedade é a restrição ao uso de automóveis dentro das cidades. 
Essas pessoas acham que conseguindo efetivar essas restrições o trânsito melhorará e, consequentemente, a vida nas cidades.
Esse objetivo de restrição ao carro entra em confronto com o modelo civilizatório desenvolvido mundialmente ao longo de dois séculos que elegeu o automóvel como um dos principais (se não o principal) objeto de desejo de consumo.
Dessa forma os "anti-carros" se vêem diante das seguintes opções para as políticas públicas:

  1. persistir numa posição radical de repúdio ao carro, o que pode ocorrer em movimentos de rua, em eventos técnicos, mas que não são assumidas pelas políticas públicas;
  2. estabelecer medidas restritivas em nível municipal, ainda que as estratégias federais continuem criando condições favoráveis para a aquisição e uso do automóvel;
  3. aceitar a inevitabilidade da continuidade de crescimento da frota e adotar medidas para a redução do seu uso, como ocorre nas principais cidades dos paises desenvolvidos.
A primeira opção povoa os sonhos ou os discursos - alguns raivosos - contra o automóvel (embora muitos continuem usando-o) e as políticas econômicas que facilitam a aquisição e o uso do carro, mas tem poucos resultados práticos. A cultura automobilística acaba prevalecendo e muitas pessoas preferem ficar mais tempo no trânsito dentro do seu carro, do que abandoná-lo. Se indagadas em pesquisas dirão que são a favor de restrições aos carros, que mudariam para o transporte coletivo - se esse fosse de qualidade - mas não deixam o carro. E os transportes coletivos, por mais que melhorem serão sempre considerados insatisfatórios, por alguma razão.

A segunda opção vem sendo adotada pelo Município de São Paulo. A equipe da Prefeitura verbera contra a política federal, embora seja do mesmo partido, mas vem adotando uma política declaradamente anti-carro, usando o transporte por ônibus e as bicicletas como pretextos para eliminar vagas de estacionamento nas vias públicas, reduzir as faixas de circulação para os carros e estabelecer restrições crescentes aos carros. Uma delas é reduzir a oferta de vagas privadas, no pressuposto de que com menos vagas de estacionamento as pessoas deixarão de usar os carros. A implantação de ciclofaixas e faixas de ônibus, sem o devido planejamento não promoveram significativa transferência de modos, resultando efetivamente no aumento dos congestionamentos, pois poucos abandonaram o carro, apesar das dificuldades.

Qual seria a política pública da terceira opção?

A terceira opção parte da aceitação de que a frota de automóveis continuará crescendo, enquanto as vias não seguirão o mesmo ritmo. Mas assume que esse é um problema estatístico e não prático. O problema real é o uso dos veículos, nos diferentes horários e nos diversos locais. Haverá sempre demanda maior em determinadas vias e em determinados horários e ociosidade e fluxos livres em outros horários e locais. 


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