Um novo salto terá que ser dado pelo Governante, mas ambos parecem não entender claramente as transformações que estão ocorrendo, prejudicados pelo confronto eleitoral.
Afastados os ataques pessoais durante a campanha, permanece o fato fundamental que estavam em disputa dois modelos para o Brasil, que podem ser simplificados em "crescer para distribuir" ou "distribuir para crescer".
Na realidade não são dois modelos, mas duas estratégias, com prioridades distintas, pois tanto um quanto o outro objetivam o crescimento e a distribuição.
A visão econômica enfatiza o crescimento, com base em fundamentos monetários, e entende que uma distribuição precoce da renda, significa distribuir a pobreza e prejudica o crescimento. Uma distribuição excessiva pode incentivar a demanda e gerar a inflação, diante da rigidez da oferta, uma vez que esta não estaria crescendo. Dai a prioridade deveria ser às taxas de investimentos. E se a demanda crescer demais deverá ser contida mediante elevação da taxa de juros e redução radical dos gastos públicos.
Assume ademais que com o crescimento haverá, naturalmente, a distribuição da renda.
A contestação principal a esse modelo é que não garante a distribuição de renda. E a história tem mostrado que tende a concentrar a renda.
A outra estratégia parte da desigualdade existente na distribuição da renda e que, uma injeção direta de recursos, através do Estado, para as faixas inferiores teria dois efeitos positivos:
- promoveria a redução das desigualdades, com maior participação dessas faixas na apropriação da renda nacional; e
- a demanda adicional dessa população dinamizaria as atividades econômicas, promovendo o crescimento e etimulando os investimentos.
Essa estratégia defendida em meios acadêmicos de esquerda, nunca fora aplicada de forma ampla, em função das contestações, também acadêmicas, e dos riscos, ficando sempre em experiências limitadas ou pilotos. Até que Lula, por razões mais políticas do que econômicas, e baseadas mais na sua intuição do que na racionalidade ousou fazer uma distribuição não condicionada previamente. Ou seja, não estabeleceu obrigações ou restrições de aplicação dos recursos distribuidos.
O resultado foi fantástico: tirou milhões da miséria, erradicou a fome, com o suprimento dos alimentos pelo mercado, não gerou inflação mas sim um capital político eleitoral que garantiu a eleição da sua sucessora e agora a reeleição dela. A reeleição de Lula, ainda não tinha tido tanto o efeito do programa, embora já tivesse contribuido. E mantém a perspectiva de permanência do PT por muitos anos.
Por outro lado dinamizou a economia, ainda que de forma limitada e diferenciada por regiões. No Nordeste o efeito foi mais visível, dada a maior participação relativa dos segmentos de menor renda no conjunto. No Sudeste, embora recebesse o maior volume de recursos, o seu efeito ficou diluido e a contribuição para o crescimento econômico menor.
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