A partir da constatação de que a economia é movimentada pelos agentes privados, sem o poder geral de determinação do Estado (a não ser dentro do próprio Governo) a evolução da economia depende de um "pacto" informal entre o setor privado e o Governo que busca orientá-la em determinados rumos.
Não terá consenso absoluto, envolvendo embates inter-setoriais, mas na prática haverá uma posição hegemônica que poderá ser circunstancial, com mudança da posição de forças.
Até por volta dos anos 50 a economia era dominada pelos agentes econômicos do setor agrícola, ancorados na cadeia produtiva do café, mas com predomínio dos produtores (os fazendeiros). A partir desses anos emergiu a força dos industriais, alguns deles oriundos do próprio setor agrícola, que perceberam as mudanças na economia.
O Governo optou pelo rumo da industrialização e contou com o apoio dos industriais brasileiros e das multinacionais que aceitaram os incentivos oferecidos pelo Governo.
O setor agrícola seguiu com as suas atividades, com novos empresários aproveitando as oportunidades, e mudando de produtos. Acabaram por se concentrar na soja e na cana de açúcar, ficando o café numa posição secundária.
O setor financeiro ganhou "músculos" não só com os bancos, mas também com os investidores, nacionais e estrangeiros, orientando-se pelos indicadores que medem a temperatura da economia.
O Governo manteve a parceria com os industriais até o final dos anos oitenta, quando atendendo às reclamações dos consumidores - uma grande força econômica emergente - rompeu o modelo protecionista, ainda que com abertura parcial da economia.
Sem o apoio governamental a indústria buscou soluções, ampliando a sua participação no mercado externo.
Com a eleição de Lula, o Governo voltou a intervir com políticas industriais, durante dos primeiros anos ofuscados pelos investimentos na infraestrutura. Com Dilma as ações foram mais intensas, ademais como tentativa de sustentar a produção, ja em queda.
Porém com uma política seletiva não obteve o apoio de todo o setor industrial. A maioria - não aquinhoada com a política dos campeões nacionais - e afetada pela apreciação do real diante do dolar, perdeu a confiança no Governo.
O resultado foi uma retração industrial, com a economia cada vez mais sustentada pelo setor terciário, sem uma liderança empresarial forte. As personagens empresariais de maior destaque estão no setor financeiro e da construção pesada.
A economia brasileira só voltará a crescer de forma sustentável com a recuperação da confiança dos empresários. Que, diante do quadro de maior estabilidade de políticas e segurança jurídica, se disponham a investir e a produzir.
Não a recuperarão com um novo Governo Dilma, mesmo com todas as promessas e juras de mudanças e até a colocação de um empresário no Ministério da Fazenda.
Poderão recuperar com Aécio se ele tiver firmeza na condução da política monetária, mesmo enfrentando situações conjunturais desfavoráveis.
De toda forma, a perspectiva econômica do Brasil em 2015 é de dificuldades e de ajustes.
(cont)
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