Aécio Neves fica em desvantagem perante Dilma, no discurso, por usar uma linguagem inapropriada perante a maioria dos eleitores. Esses são mais simples, pobres, aspiram melhorar de vida, a curto prazo, e não entendem a linguagem dos economistas.
Aécio, adotou uma estratégia objetiva para acalmar o mercado. Anunciou antecipadamente quem seria o seu Ministro da Fazenda. Um nome respeitável aceito pelo mercado: Armínio Fraga.
Mas esse lance acabou por virar um dos principais alvos do ataque petista, por configurar um agrado aos banqueiros e ricos.
A estratégia petista deu certo na desconstrução de Marina Silva e está dando certo com Aécio Neves. Por incompetência dele. Pelo tratamento e linguagem errada do tema inflação.
Para os economistas, para os banqueiros, para os ricos, para os mais ilustrados, enfim para a opinião publicada - a que pauta a visão e o discurso de Aécio - existe a inflação, um dos maiores problemas da economia.
O "povão", os pobres, os menos ilustrados não sabem o que é inflação. Ouvem falar, mas não entendem o que quer dizer IPCA, IGP, centro da meta e outras construções sofisticadas que os "ricos" criaram.
Mas sabem muito bem o que é CARESTIA. Carestia é a sensação de que tudo está mais caro. Que a carne subiu, que o leite subiu, que o pão subiu. A cebola subiu. O pior a cerveja subiu. Com todo esse calor.
E que não dá para comprar hoje o que se comprava ontem com o mesmo dinheiro.
Ele quer que o Governo combata a carestia. Ele quer que o Governo garanta que o preço da carne, amanhã, não vai ser maior do que o de hoje.
Carestia o povo entende e não é preciso explicar. Ele vive no dia a dia e não quer saber o que é preciso fazer para garantir a manutenção dos preços.
Já inflação é um ser imaginário que ele vai só vai entender pelo que lhe é contado e forma na sua mente um entendimento, uma versão, uma imagem.
O PT, com sucesso, vende a imagem de que o combate à inflação é feita por desemprego e arrocho salarial. Traz à lembrança do que teria sido feito antes no Brasil e o que é feito por outros paises, para combater a inflação.
Dilma é bem sucedida na mensagem, montada com o seu marketeiro, de que a inflação não está descontrolada e que o seu adversário inventa uma situação para promover o aumento dos juros, para beneficiar os banqueiros, e prejudicar os trabalhadores - que terão arrocho salarial - e desemprego.
Dilma teve que segurar essa munição, porque os não havia segurança com relação aos dados de emprego formal e de desemprego, com impacto sobre a sensação popular.
Não há a sensação de desemprego, a menos nos principais centros industriais, como o ABCD paulista e outros polos onde a indústria automobilística se instalou.
Os dados lhe foram favoráveis, com o CAGED mostrando uma criação de empregos formais, ainda que menores que o ano e meses anteriores. Pouco importa a comparação. O que importa é que continuou crescendo, superando a sensação de desemprego. O mesmo vale também em relação ao índice geral de desemprego. Outra construção dos economistas, essa em âmbito mundial.
Para efeito eleitoral, o que importa é o imaginário popular: o que existe para o povo é CARESTIA, que segundo Dilma a culpa é da seca. Quando voltar a chover os preços vão cair e os produtos vão ficar mais baratos.
Já a inflação é um pretexto para dar mais dinheiro aos banqueiros.
O que vale não são os fatos, ou a interpretação técnica dos mesmos.O que vale para o eleitor é a imagem que ele absorve.
É na briga em torno do "imaginário popular" que Aécio Neves corre o risco de ser derrotado, embora esteja com a verdade, contra as falsidades da adversária.
Se perder será por incompetência e por erro estratégico.
Mas ainda há tempo para corrigir.
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terça-feira, 21 de outubro de 2014
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