quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Preconcitos urbanos - Cidade Dormitório

Bairro Mangabeiras em João Pessoa
Ser uma cidade dormitório é um estigma que nenhuma cidade quer. Sempre teve uma conotação negativa de abrigar uma população pobre, moradora de área periférica, que vai trabalhar no centro.
No entanto, com a piora das condições de vida nos centros emergiram cidades dormitórios para abrigar família de alta renda, em busca de melhor qualidade de vida, seja em sítios, codomínios fechados ou mesmo em apartamentos: preferencialmente à beira da praia. Passamos a ter cidades dormitórios de classe média ou até classe alta.

Um "ranking" feito pela revista Veja, sobre as cidades que vem criando melhores oportunidades de emprego está Vila Velha no Espirito Santo, caracterizado, na reportagem, como uma cidade dormitório.


Vila Velha é um Município vizinho de Vitória, com ocupação desigual. Porém o seu centro e orla é ligada a Vitória por uma ponte que os transforma em bairros "chiques" da capital capixaba. A orla foi o local preferido dos não nativos que aportaram por lá, por conta da exploração do petróleo, sucedendo ao pessoal da Vale. Não apenas os petroleiros, mas também os executivos das empresas fornecedoras.

Essa concentração de moradores de média e alta renda, pelo 
"efeito renda" promoveu o desenvolvimento do comércio e de serviços para atendê-los, gerando um polo de trabalho melhor qualificado. 

Uma área dormitório de moradores de média e alta renda que buscam melhores condições de moradia, a custos mais razoáveis, acaba se tornando um polo urbano, com todas as vantagens e mazelas que acabarão por afastar os pioneiros. Vila Velha é um exemplo típico desse processo. De qualquer forma Vila Velha rompe o paradigma e preconceito tradicional de que ser cidade dormitório é , necessariamente, uma característica negativa.

Um novo caso é João Pessoa, que fica próximo do Complexo Industrial que está sendo implantado em Goiana, em Pernambuco, mas junto à divisa com a Paraiba. Por estar um pouco mais próximo e com acessibilidade melhor deverá ser o polo urbano preferido pelos engenheiros e outros funcionários melhor remunerados da Fiat, dos seus fornecedores e de outras fábricas. 
Além da melhor condição geral de vida da capital paraibana em relação à pernambucana, esses trabalhadores terão condições de acesso a um padrão inviável no Recife. Os custos imobiliários são muito menores.

No entanto, para evitar um crescimento excessivo trazendo todos os problemas comuns das grandes cidades, a condição de cidade-dormitório deve ser incorporado ao planejamento urbano. 

O futuro de João Pessoa está em ser uma cidade-dormitório. 

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