Começa hoje a eleição presidencial e de alguns governadores, em segundo turno.
Não será a continuidade do primeiro turno, porque haverá novas circunstâncias que vão afetar a decisão do eleitor.
Dentro das circunstâncias atuais os embates são conhecidos e os candidatos já anteciparam as suas estratégias. Dilma voltará aos "fantasmas do passado" agora centrando na diferença quantitativa. O seu carro-chefe serão os 50 milhões de beneficiados pelos programas sociais, contra 5 do PSDB. Inegável e isso irá sustentar a sua votação no Norte, Nordeste e também no Centro Oeste. E terá grande influência ainda no Sudeste, principalmente em Minas Gerais.
Nos seus demais pontos fortes corre o risco de contestação, como o PAC, o Minha Casa, Minha Vida e Mais Médicos.
O embate sobre a privatização estará presente, mas as estratégias anteriores com as quais o PT derrubou os seus adversários tucanos, não terão a mesma eficácia, uma vez o próprio Governo Dilma, promoveu diversas privatizações, principalmente no setor rodoviário e aeroportuário.
No rodoviário estará em desvantagem nos principais colégios eleitorais, onde há a possibilidade de comparação entre as concessões tucanas e petistas. As petistas tinham como grande trunfo: um pedágio menor, mas em São Paulo, e Rio de Janeiro há muitas rodovias sem a execução de todas as obras programadas: "custa menos, mas não tem". Os pedágios tucanos são caros.
Concessão de aeroportos é questão que afeta diretamente muito poucos e será um debate de imagens.
As defesas "anti-misseis" de ambas as partes irão neutralizar os ataques, embora possam ser intensas e causar alguns danos.
A economia será uma questão chave, mas o PSDB entrará em desvantagem: irá tratar predominantemente do ponto de vista técnico, o que agrada às classes de maior renda, mas é incompreensível para o "povão". O PT tentará tratar a questão econômica como uma disputa , uma luta de classes, focado em imagens populares. Povo não sabe o que é PIB, tripê macroeconômico, etc. Sabe o que é carestia, desemprego e carência de serviços públicos. Dilma vai insistir que Aécio representa os ricos e vai prejudicar os pobres. Armínio Fraga vai ser o principal alvo, apresentado como banqueiro e rico.
A vantagem do PSDB poderá ser a realidade. Dilma conseguiu evitar a carestia, como fator eleitorial. Ainda sustenta os níveis de emprego, mas a sensação de desemprego aumenta a cada dia, com as sucessivas demissões promovidas pela indústria. Não há tempo mais para a recuperação da construção civil. Na questão do emprego / desemprego os índices são elemento acessório, o que importa é a sensação por parte dos trabalhadores.
Porém o tema principal da campanha do segundo turno será uma "sangrenta" batalha em relação à corrupção.
Não há como evitar as revelações de Paulo Roberto Costa e Alberto Yousseff nas delações premiadas. Seja oficialmente, como por vazamentos. Envolverá diversas autoridades, principalmente do PT. O mensalão ficará em segundo plano, por parte do PSDB.
O PT tentará contra-atacar com as colocações de que o "mensalão" começou e foi inventado pelo PSDB em Minas Gerais. O que é uma versão plausível, porque baseada em fatos reais, embora com diferenças em relação ao modelo petista. O fato real é que o modelo foi operado por Marcos Valério, inicialmente em Minas Gerais.
E atacará também com a "privataria" das telecomunicações. O contra-ataque do PSDB mostrando os avanços nas telcomunicações tem efeito maior. Uma grande parte dos pobres hoje tem um telefone celular. Isso é o que importa para eles. A batalha poderá ser pela paternidade desse benefício, hoje percebido pela maioria da população brasileira, como uma das suas principais conquistas de condições de vida.
Os escândalos da Petrobras deverão dominar o temário das campanhas do segundo turno.
Tratado como "corrupção" o PT conseguirá se defender, com a versão de que "todo mundo faz" e que agora só está mais percebido porque o PT tem agido com mais rigor e intensidade, investigando e punindo.
Corrupção é combatida pelos mais esclarecidos, e menos considerados pelos mais pobres. O que irá sensibilizá-los mais será a visão de "roubalheira".
Corrupção na Petrobras tem efeito limitado, mas roubalheira tem um impacto maior.
Campanha eleitoral tornou-se um torneio de marketing. O que se disputa é imagem e para isso é preciso sempre usar a "palavra certa". Marina desprezou e foi derrotada.
Aécio percebe, mas ainda acredita mais na perfomance pessoal. Que acabou dando certo no primeiro turno: "Brasileiro não desiste nunca".
Dilma usa e abusa do marketing político, tendo o apoio de um gênio no métier. Mas que tem limitações e também comete erros.
Se o tema for "corrupção" Dilma e João Santana conseguem rebater. Se for "roubalheira" vai ser muito mais difícil.
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