sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A decadência do turismo hidrotermal

O turismo hidrotermal, a modalidade que deu origem ao turismo, está em decadência. Estará condenada à extinção? Poderá ser revitalizada? Ou estará condenada à estagnação, com uma lenta e progressiva decadência?
O blog é uma oportunidade para registro de reflexões e mais para a colocação de dúvidas do que de certezas.
Essas questões me surgiram ontem durante uma rápida visita que fiz à Caldas, um extenso Município ao sudeste de Minas Gerais, próximo à divisa de São Paulo, mas uma pequena cidade com cerca de 15 mil habitantes.
Está na região das águas e já foi bem maior. Lá descobriram afloramentos de águas termais, concentradas em um distrito que por essa condição foi conhecida como poços de Caldas. Em função dessa condição a linha de trem foi estendida até lá como uma continuidade da região paulista das águas, estabelecida uma importante hotelaria e, no início do século XX, a instalação de um cassino, que se tornou um dos mais importantes do país. O seu desenvolvimento maior do que a sede levou ao seu desmembramento tornando-se o município de Poços de Caldas, com um grande crescimento urbano, enquanto a sua sede original seguiu sendo uma pequena cidade interiorana. Em Poços de Caldas a descoberta de reservas minerais o levou a sediar as principais instalações da produção brasileira de alumínio, dando suporte à sua expansão urbana. Deu-se ao luxo de implantar uma linha urbana de monotrilho, atualmente um grande monumento aos erros gerenciais públicos.
Deixou de ser baseado no turismo termal, hoje de pouca expressão, na cidade. O mesmo não ocorreu com o município vizinho de Águas de São Pedro, esse no Estado de São Paulo, que se desenvolveu em torno do turismo como estância hidromineral, sem outras atividades econômicas de suporte, mas estaria atualmente estagnada, sem o crescimento da demanda. Outras estâncias hidrominerais paulistas, da mesma região estariam com problemas semelhantes, sustentando o turismo termal, em decadência, pelo turismo de eventos, sediando congressos, seminários, convenções e outros eventos corporativos.
Por que da decadência? 
Há duas principais hipóteses ou suspeitas: a primeira de que os tratamentos pelas águas foi substituída pelos medicamentos e cosméticos. As pessoas não precisavam mais se locomover até às estancias para os tratamentos, podendo fazê-lo em casa, na base dos antibióticos. E para o embelezamento e rejuvenescimento, a indústria de cosméticos oferece muitas alternativas, comercializadas como sendo mais eficazes. O setor é uma das atividades de maior crescimento no Brasil.
A segunda é que o turismo termal, um segmento do turismo de saúde, passou a ser percebido como "turismo de doença".
As novas gerações de turistas evitavam as estâncias hidrominerais por que lá "só tem velhos doentes".
Essas não tiveram capacidade de superar o estigma, com algumas exceções. Campos do Jordão, um local de clima saudável, onde os endinheirados iam se tratar da tuberculose tornou-se o principal polo brasileiro do turismo de inverno, esquecendo as suas origens.
Será possível revitalizar o turismo termal? Ou as estâncias hidrominerais só poderão se revitalizar agregando outras atividades, sejam turísticas ou não? 








Nenhum comentário:

Postar um comentário

Lula, meio livre

Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...