Uma das vantagens competitivas do Brasil no Mundo é a disponibilidade de recursos naturais, que desde o seu achamento tem sido objeto da "cobiça mundial" e base das suas exportações.
Apesar da sua importância essa vantagem sempre foi desprezada nos planejamentos nacionais, considerando os produtos naturais como primários, elementares e símbolo do atraso e do subdesenvolvimento.
Seriam produtos de baixo valor agregado e o Brasil precisava basear o seu desenvolvimento em produtos de maior valor agregado.
Ao longo dos últimos sessenta ou setenta anos o Brasil procurou fugir dessa dependência, mediante a industrialização, inciando pelo processo de substituição de importações.
A perspectiva industrialista míope só percebia a agregação de valor pela transformação e tecnologias industriais e não pelas demais tecnologias e pelos serviços.
Um produto natural, como a soja não tem um valor apenas decorrente do custo da terra e da mão-de-obra em processos elementares.
Atualmente o produto colhido decorreu de uma fertilização do solo, que é um grande consumidor de derivados do petróleo e de outros recursos minerais, dos investimentos em tecnologia aplicada no experimentos de sementes, assim como dos processos de produção.
A preparação da terra para a semeadura, a própria semeadura e, posteriormente, a colheita são realizadas com o uso de grandes e sofisticados equipamentos que requer do produtor um grande investimentos e capitalização.
O agronegócio deixou de ser uma atividade primária, conduzida por lavradores solitários ou famílias, para se revestir de grandes empreendimentos. O baixo valor do produto unitário decorre da escala de produção.
Todos eles tem uma grande agregação de tecnologia que está difusa nos milhões de produtos, diversamente de produtos com um custo tecnológico ponderável em cada unidade.
O produto natural, colhido na fazenda tem um valor, e outro no porto ou na entradas das fábricas de processamento. Essa variação de valor decorre dos custos logísticos, que agregam valor e custo. Não há agregação de valor, sem agregação de custo.
Do ponto de vista macroeconômico essa agregação de custo significa produção adicional, com o uso de insumos e de mão-de-obra. O que promove o crescimento econômico é a agregação de custos. Mas os valores de venda precisam não só cobrir esses custos, como proporcionar margens, que são a principal fonte para os novos investimentos.
O produto brasileiro do agronegócio consegue ser altamente competitivo na fazenda, graças às condições naturais e a agregação tecnológica, mas perde competitividade com os elevados custos logísticos até os portos. E ainda tem custos logísticos adicionais nos embarques, superior ao dos concorrentes.
Uma das poucas exceções, no campo dos produtos "primários" é o minério de ferro, porque a Cia. Vale do Rio Doce (hoje, apenas Vale) sempre priorizou - na prática - a perspectiva logística, embora se apresentasse como uma empresa de mineração. Para ela o importante não era o custo do minério de ferro "ROM" (run of mine), mas o custo no porto, em condições de embarque.
Uma das principais indagações em torno das estratégias brasileiras é por que não se deu e ainda não se dá a devida importância, na prática, aos investimentos em infraestrutura logística para reduzir os custos logísticos dos produtos do agronegócio?
A resposta mais simples é que o Brasil, ou a sociedade brasileira não concorda com esse projeto nacional, tolerando-o pela sua importância real, mas está sempre na busca do projeto industrial.
Uma segunda, mais complexa, é que a seleção dos investimentos implica em disputas regionais.
As soluções logísticas propostas pelos técnicos e pelos planos nacionais apontam para um deslocamento dos embarques dos produtos do agronegócio dos portos do sudeste (Santos e Paranaguá) para os portos do Nordeste (Suape e Pecém) e do Norte (os do Rio Amazonas e São Luiz, no Maranhão).
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