As pessoas acham que moram no bairro e não na cidade. Há aquelas que vão além na confusão, achando que a cidade é o seu bairro.
Isso decorre do fato de que grande pessoas passam a maior parte do seu tempo no bairro onde nasceram, ou vivem há muito tempo e mal conhecem outros bairros. A sua cidade é o bairro onde vivem.
Alguns que trabalham em outros bairros só conhecem, além daquela da sua residência, o bairro onde trabalham e as vias do seu trajeto.
A partir da sua vivência real tendem a projetar a imagem do resto da cidade como uma extensão do seu bairro.
Quando uma Prefeitura, como a de São Paulo, apresenta uma proposta de Plano Diretor, convocando reuniões ou audiências públicas para a sua discussão prévia, buscando seguir um processo participativo, um problema inicial é a abrangência demo-territorial dessas reuniões: toda cidade ou bairro a bairro?
As reuniões devem ser por bairro, diante do tamanho da população de uma megametrópole, porém a questão é se nessas reuniões a discussão deve ser o plano da (ou para a) cidade ou o plano do (ou para o) bairro.
De um lado a indagação é se numa reunião com o bairro A, pode-se (ou se deve) discutir questões do bairro B e de outros, que não o afetam diretamente, como a proposta de uma via pública em outro bairro distante. Cabe discutir no bairro do Jardim Ângela, na zona sul da cidade, a Operação Urbana Jacu Pêssego, em Itaquera, na outra ponta na Zona Leste?
Quando muito eles podem reclamar que outros bairros estão sendo privilegiados em relação ao seu.
De outro, os planos podem prever intervenções estruturais que atravessam o bairro, podendo determinar substanciais mudança na sua configuração.
Todos querem melhorias na cidade, mas ninguém quer os impactos negativos das mesmas sobre o seu bairro ou à sua casa.
Uma delas é a reivindicação da população por mais linhas de metrô. Porém com a sua instalação o mercado imobiliário (também caracterizado como "a especulação imobiliária") tem interesse em promover lançamento de edifícios que provocam o adensamento e verticalização. Em muitos casos isso significa substituir a ocupação tradicional de residência unifamiliares, horizontalizadas, por prédios de apartamentos, com significativa mudança da paisagem e das condições de vida da população já instalada no bairro.
A revisão do Plano Diretor de São Paulo, propõe facilitar (ou mais ainda, a induzir) esse adensamento em torno das estações de metrô, sejam das existentes como das novas.
Numa discussão do plano com os bairros afetados, alguns querem as linhas e estações, porém sem permitir o adensamento. Outros são mais radicais e são contra a própria linha e a estação.
Uma linha metroviária, de alta capacidade de transporte, sem o adensamento no seu entorno, pode significar uma subutilização e inviabilidade econômica ou financeira. Pode significar a necessidade de subsídios públicos adicionais para a sua manutenção e mesmo operação.
Quem e como deve discutir os planos para a cidade?
Como devem ser discutidas as intervenções localizadas que são suprabairros, mas afetam a cada um deles?
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