sábado, 5 de outubro de 2013

Sou eu que estou pagando!

Já entramos no décimo mês de 2013, o ano está terminando e 2014 vem chegando, como todos os anos com muitas esperanças. Não será um ano comum. Será o ano da Copa, tão esperado, com as maravilhosas perspectivas anunciadas pelas autoridades, endossadas pelos patrocinadores e por consultorias contratadas a peso de ouro, baseadas em ilusões que irão se esfumaçar numa realidade bem diversa do que se prometia.
Com relação ao futuro, sempre se pode prometer tudo, e dirão os otimistas que deve-se sonhar. Ser ousado e ter esperanças.
Mas sem um  bom trabalho, sem muito esforço serão sempre sonhos adiados: de ano para outro. No caso da Copa, a sua realização não pode ser adiada. Não tem saída no "jeitinho brasileiro".
A Copa do Mundo será realizada, organizada com grande competência e, em campo, o Brasil poderá se dar bem, como ocorreu na Copa das Confederações.
Mas será só. 
A situação dos aeroportos em 2014 será calamitosa, com poucas exceções.
A maior parte das obras de mobilidade urbana não ficará pronta, com as obras paralisadas para atestar, de forma concreta,  a incompetência e atrapalhando o trânsito. Felizmente para os visitantes, algumas nem começaram e dessa forma não serão notadas, nem irão atrapalhar. 
A grande desculpa dos Governos, já anunciada, é que as obras não eram para a Copa, mas um legado para as populações das cidades-sede. Se não era para ficarem prontas para a Copa, porque o açodamento nas contratações, atropelando os projetos, criando regimes diferenciados de contratações e aumentando os valores e quantidades. "Todo mundo sabe", mas dessa vez os órgãos de controle não aceitaram argumento de que o "Brasil não podia fazer feio", pois afinal é o "país do futebol", ao detectar as irregularidades embargaram obras, até que essas fossem sanadas. A inexperiência de alguns auditores, mais jovens e dos concursos mais recentes, levou a exageros, porém no geral contiveram a sangria, ainda que o resultado de obras paralisadas.  Só teriam sido mais flexíveis com os estádios, mas deixaram passar "elefantes" escondidos em anexos dos anexos dos contratos das parcerias público-privadas.
Os estádios construídos ou reformados mediante parcerias público-privadas serão todas (talvez com uma única exceção) deficitárias. Porém os administradores não estão preocupados. Só precisam realizar as quotas de jogos comprometidas. Não precisam de público e de renda de ingressos. Tem garantida a sua remuneração.
Todos os prejuízos serão arcados pelos Governos Estaduais, que ficaram com a obrigação de pagar ou cobrir os financiamentos com o BNDES. 
Em 2015 os novos governantes estaduais irão pedir moratória junto ao Governo Federal, para não ter que pagar os empréstimos do BNDES. 
Esse será o grande legado dos magníficos "elefantes brancos" que vão sobressair na paisagem urbana, bem visível aos contribuintes que poderão afirmar com orgulho ou indignação: sou eu que estou pagando!



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