Recife, em 2037, quando comemorar 500 anos da sua fundação, quer ser uma cidade mundial. Essa é , pelo menos, a grande pretensão do Prefeito atual, Geraldo Júlio, segundo expôs no evento "De Olho no Futuro" promovido pelo SINAENCO, no dia 17 de outubro de 2013, pela sua capacidade de promover grandes transformações. Mas isso não será suficiente.
Uma cidade mundial precisa estar integrada nas grandes cadeias produtivas mundiais, sejam industriais, de logística, de outros serviços e de tecnologia. Nesse campo poderá ter reconhecimento mundial se for um significativo polo de inovação de âmbito mundial.
Dentro dessa perspectiva fui conhecer um projeto que me pareceu pelas informações o que teria o melhor potencial para alavancar essa pretensão, até porque para a viabilização do Recife 500 está sendo organizado um Conselho, presidido pelo prof. Silvio Meira, o fundador e principal mentor do CESAR - Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife, a principal âncora do Parque Tecnológico em implantação na área do Porto do Recife, sob a denominação de Porto Digital.
Fiz uma rápida visita, monitorada, confirmando - na minha visão pessoal de leigo - um grande potencial, porém de modestas pretensões, em relação aos objetivo do Recife 500.
Apesar das premiações nacionais e internacionais a sua visão me pareceu ainda tímida, com um viés predominantemente acadêmico, focado na inovação e não na competitividade: apesar de ser uma das melhores experiências que conheço da aproximação academia-empresa.
Ainda explicitado que o objetivo não é gerar novos empreendimentos de alto impacto como Microsofts, Apples, Facebooks, Googles ou similiares, o ambiente criado gera essas expectativas.
Atualmente a inovação não é um objetivo primário, porém uma condição de competitividade, essa está pouco presente nesse mesmo ambiente.
Para transformar o CESAR numa efetiva alavanca para promover Recife como cidade mundial, precisa aumentar substancialmente a sua escala, pelo menos 10 vezes e se transformar numa base de geração de "startups" segundo processos de "spin off".
As principais oportunidades de desenvolvimento empresarial na área da tecnologia da informação, não estão nos produtos de consumo de larga escala, mas no mercado corporativo, no segmento do "business to business", conhecido como "B2B".
A escala mundial será obtida pela solução de problemas que afetam milhares de empresas em todo o mundo. As principais necessidades estão no setor terciário, no comércio, nos serviços, principalmente logística, ainda um ponto fraco das cadeias mundiais, e não mais no segmento industrial das cadeias produtivas. O CESAR, enquanto projetista ou consultora de aplicativos atua nessa área, mas ainda é pressionado pelos candidatos a Steve Jobs ou a Marc Zuckerberg, distorcendo as suas prioridades e estratégias.
Ele precisa ser uma entidade de faturamento bilionário e ter orçamento para apoiar financeiramente no papel de capital venture de pelo menos 100 startups anuais e não apenas 3, como no orçamento atual. Se conseguir viabilizar pelo menos 10, ou seja, 10% empreendimentos de classe mundial será um estrondoso sucesso.
O pessoal é bom de marketing institucional e cria uma imagem muito superior à sua realidade. As declarações do prof Silvio Meira, em entrevista no Estado de São Paulo, publicado em 14/10/2013 enfatizando a competitividade e a escala mundial, não tem correspondência nos procedimentos.
Precisa aproveitar melhor o seu potencial, ser mais ousado e assumir maiores riscos.
Recife, em 2037 poderá ser uma importante cidade mundial, mas precisará aproveitar melhor as suas potencialidades e oportunidades.
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