segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A incompetência vendida como competência


Estabelecido um clima de "guerra" com a ação ofensiva do PT para inviabilizar uma candidatura forte de Marina Silva e o seu contragolpe, unindo-se a Eduardo Campos, as estratégias de cada qual serão decisivos para os rumos do processo eleitoral, ainda na fase de "entressafra".*
No processo estratégico, para ganhar as batalhas não basta ter estratégias corretas. É preciso contar com eventuais erros dos adversários.
Uma das vantagens da dupla Eduardo-Marina será o erro estratégico da  dupla Lula-Dilma que irá insistir - segundo as primeiras notícias da reação do Governo - numa imagem positiva de Dilma que é, na realidade, o seu maior fracasso.
Ela vem demonstrando que a imagem de realizadora, de mãe do PAC não resiste e não irá resistir aos atrasos e paralisações das obras do PAC e das obras para a Copa, mesmo com o sucesso da construção dos estádios.

Lula que sempre foi um líder político, mas nunca um gerente, tinha em Dilma a sua principal executiva, com a sua dedicação e estilo assertivo e voluntarioso, um estilo ainda muito aceito popularmente, mas condenado pelos especialistas em gerência: "quero por que quero"; "quem manda aqui sou eu"; "manda quem pode, obedece quem tem juízo".
Esse estilo de "marechal", no campo empresarial, tem levado muitas empresas à falência e substituído por estilos mais participativos, sem quebra da autoridade e responsabilidade do executivo principal.
Com Lula na Presidência, esse estilo Dilma era mitigado pela compensação "dirigente mau e dirigente bom". Dilma fazia o papel da má e Lula o bom. Quando ela assume a Presidência, sai o homem bom capaz de conciliar, permanecendo apenas a má. A reação de quem "tem juízo  é "fazer de conta que obedece", mas nada faz e se esmera nas desculpas para explicar porque não fez. O gigantismo da máquina estatal, e a burocracia permitem que a maioria dos subordinados se esconda e faça as coisas como bem entender.
De forma similar ao Plano Real que promoveu uma ampla inflexão na economia e sociedade brasileira rompendo o ciclo inflacionário, o PAC 1 emergiu sobre um quadro então existente de falta de investimentos públicos em infraestrutura, por carência de recursos. O grande volume de investimentos, mesmo com atrasos generalizados, mudou o quadro e trouxe a impressão de uma nova condição gerencial. Chamava atenção o que era feito. Só era mostrado o lado bom. O que estava atrasado não se mostrava.
Agora não dá para esconder os atrasos, o que deixou de ser feito.
2014 é o ano da Copa. O Governo se esmerará em mostrar os estádios prontos. Será real. Mas o outro lado mostrará as obras de mobilidade urbana atrasadas, que também será real. 
O Governo insistirá em mostrar o "estilo Dilma" como símbolo de competência, os outros que é o simbolo da incompetência.  


* O processo eleitoral tem dois períodos básicos: a safra e a entressafra. O período da safra ocorre às vésperas dos dias das eleições (1º e eventualmente 2º turnos) que são os dias da colheita, quando o eleitor sufraga o seu voto.
Nesse período a opinião pública toda é mobilizada tanto pela campanha direta, como pelos programas obrigatórios pelo rádio e televisão, quando os candidatos se tornam efetivamente conhecidos, com sua figura, propostas e colocações. É quando, efetivamente, os eleitores fazem a escolha entre aquele que mais diz ao seu "coração e mente".
Fora desse período, o que predomina é a opinião publicada, ou seja, aquilo que é divulgado pela mídia e que só alcança uma parte do eleitorado. O termômetro da opinião pública é a pesquisa de intenção que é apenas um indicador, com margens de erro reais, muito superiores ao declarado pelos institutos, dada a diversidade de condições e comportamentos num imenso país, cheio de desigualdades. Mas quem lê os jornais ou acompanha o noticiário e os comentário pela TV acredita que está vendo o universo, quando só está vendo uma pequena parcela do mesmo, com grande poder econômico, mas com influência difusa, cada vez menor.
Esse período da "entressafra" pode ser desdobrada para considerar uma fase de "pré safra", que é a atual, com os candidatos configurados, mas ainda não oficializados, ensejando ainda mundanas ao longo do ano.

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