quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Novayorkina e novayorkistas

Tenho uma filha novayorkina e outra novayorkista. A primeira mora em Nova York, mas por ser casada com um professor da NYU vive em Greenwich Village em condições diferenciadas para o seu padrão de vida. Por exemplo cozinha em casa, embora nem sempre. 
Durante vários anos viveram sem carro até que conseguiram comprar uma casa em Woodstock para os fins de semana. Uma bela e confortável casa bem mais espaçosa que o apartamento de quarto e sala (ainda que grandes) onde moram. 
Ai tiveram que comprar um carro que só usam para as viagens. Durante a semana fica parado na garagem do prédio. Não contribuem para o congestionamento, exceto na sexta-feira.
Esse é um padrão que está se repetindo em São Paulo, porém com a inversão de ordem. As pessoas foram para mais distante, buscando melhores condições de moradia, em Cotia / Granja Viana, Embu, Itapecerica da Serra onde foram oferecidos loteamentos de alto padrão e diante das dificuldades de trânsito nas rodovias, optam por ficar na cidade durante a semana.
Uma das características é que só dormem no apartamento, sem cozinhar, sem lavar roupa e outros afazeres domésticos. Comem fora, usam serviços externos e tem empregada doméstica para as arrumações da casa.
A minha outra filha mora em Moema, com um relacionamento sério, num padrão novayorkino e poderia dispensar o carro. mas precisa dele para os fins de semana, quando vai a Santos, onde o parceiro tem família.
Mas já que tem o carro o usa em São Paulo, até porque para o local de trabalho, na Berrini,  não tem transporte coletivo, ou se tem, nem sabe qual é a linha do ônibus.
A opção do ônibus nem é cogitada pelos "novayorkistas".
Poderá tê-lo com as novas linhas metroviárias em construção.
Para viver bem numa cidade compacta teria que mudar de residência, ou do local de trabalho, ou ambos.
Sem isso continua sendo uma usuária de carro, enfrentando os congestionamentos e requerendo, pelo menos duas vagas: uma na origem e outro no destino.



2 comentários:

  1. É exatamente assim que acontece. A maioria dos prédios em New York, construídos até 1973, quando lá vivi, não tem garagem para carro. O sistema de transporte público centrado em linhas de metro sob as avenidas e de ônibus nas ruas é bastante farto, o que torna o carro dispensável.
    Sem um número de ruas e avenidas suficientes, sem um sistema adequado de transporte público, o paulistano se vê sem alternativa, a não ser a de utilizar seu próprio veículo.
    Certamente, é o alto valor do imposto cobrado sobre os produtos ligados à utilização dos automóveis, e a necessidade de manter os postos de trabalho, que impedem aos vários níveis de governo estimular a utilização de motos, o que aliviaria, e muito, o número de pontos de estrangulamento do transito na cidade de São Paulo.

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    1. Alberto, obrigado pelos seus comentários e confirmação das minhas percepções.
      Querer "novayorkizar" São Paulo, eliminando as garagens, sem um adequado sistema de transporte coletivo vai manter a degradação do centro histórico e os outros centros não vão prosperar.
      Abs

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